Revista da Academia Paraense de Letras 1954

7~ Rli:VISTA DA ACADEM1A PARAEN'SE m~ L~TltA~ Clínica Propedêutica, na Faculdade de Medicina, cuja dire– ção exerceu em determinada época . · Grande no magistério como no exercício da Medicina, Acilino ganhou duas merecidas imortalidades : a imortali– dade pública do médico eminente ·e magnânimo, e-a imorta– lidade acadêmica das Letras. Duas bençãos santificando duas paixões nobilitantes: a paLxão da Medicina e a paixão da Literatura. SenhoTes Acadêmicos; meus Senhores: Entrariamos pela noite a dentro, e eu não acabaria de vos dizer, com esta pobre e claudicante palavra, tudo quanto se sabe, se diz e se escreve em _homenagem à vida e à memó– ria de Acilino de Leão ! .Pois é a. êsse homem invulgar e pri– vilegiado que me coube a caprichosa fortuna de suceder na cadeira n. 29.. . . Não vos admireis, entretanto. Nem vos es– queçais, tampouco, de que Deus continua escrevendo direito por linhas tortas. Deus sabe· que desde os 16 anos assisto ao drama de minha .s~úde, entre alternativas· de quedas e reeô– bros, e só agora, pela minha capacidade de sofrer e acreditar nas forcas eternas, é que começo a ver florir a pedra do meu Calvário. É a redenção de um grande sofredor resignado, re– cebendo o prêmio de vir ocupar, numa Academia de Letras, a cadeira glorificada de um grande médico. É o encontro ne– cessário do sábio que promove a cura e do sofredor redimido pela ]:)aciência. . . Não esquec;amos, ainda que foi o doente quem criou o médico : o·médico existe porque o doente •existe. O médico só existe em função do doente. Porisso mes– mo, longe de ser um contra-senso, coube-me a cadeira de Aci– lino de Leão por força da afinidade que vislumbro, essencial e indissolúvel, entre o doente e o médico. Não esqueçamos, iguàlmente, a analogia que existe en– tre o médico e o santo, indentificados na tarefa comum de salvar os enfermos. Chama-se o médico ao mesmo tempo que se invoca o santo, e sempre acontece esta injustiça da con– tradição humana: se o doente escapa, quem o salvou foi o santo ; mas se o doente morre, quem ~atou foi o médico !· , Senhores da Academia Paraense de Letras ; meus Se- nhores : ' Há um programa a cumprir nesta solenidade, e- eu de– vo terminar para não obstruí-lo. Antes, porém, quero e devo agradecer os generosos sufrágios com que os senhores Aca– dêmicos descerraram para mim as portas dêste egrégio Silo– geu . Quero e devo agradecer, tambem, a prese~ça de quan- I

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