Revista da Academia Paraense de Letras 1954

1 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE , DE Í..ETRAS 71 Nascido em Macapá, Acilino teria feito .naquela cidade os seus estudos elementares, para obtenção de cujo certifica– do veio submeter-se a exame em Belém, alcançando aprova– ção distinta em toda sas matérias, e aqui ficou, desde então, prosseguindo em seu brilhante tirocínio escolar, já frequen- tando o curso secundário. · Sem família nesta cidade, ora morava só, 01·a em com– panhia de Flexa Ribeiro e Moreira de Sousa. Acilino possuía um temperamento singular, cheio de esquisitices, e viveu plácid;:Lmente· a sua mocidade, sem as demasias nem os ar– remessos, próprios dessa quadra. Não sabia dançar, nem ja- .mais lhe apetecera praticar êsse gênero recreativo ; tampou– co, e em tempo algum, pagara tributo às farras da boemia, tão contagiosas e difíceis de resistir naquela época. Nunca se embebedara. Desconhecia qualquer espécie de jogos de / cartas. Reservado em tudo, até no amor. era discreto. Para êle, não havia nada que superasse o prazer da bôa leitura - e era nos livros que encontrava o seu melhor refúgio. Tinha fome de saber, e duas grandes paixões o absorviam: a Medi- - cina e as Letras. A tese com que se doutorou, em 1907, sôbre a "Psicolo– gia da Sensibilidade", é um verdadeiro modelo de bôa lingua– gem. O capítulo em que estuda as emoções e as influências patogênicas, é de uma beleza surpreendente. Pena é não ti– ve~se _arquivado os recortes de sua erudita e primorosl:!, cola– boraçao na imprensa e nas revistas especializadas, o que cons– tituiria material de sobra, substancioso e seleto, para compor uma opulenta antologia. É verdade que deixou dois opúscu-· los: o da tese, já acima referida, e outro sôbre "Responsabi– lidade Criminal", notável trabalho com que conquistou a cá– tedra de Mediéina Legal, em rios~a Faculdade de Direito. Dotado de alto timbre de voz e nítida dição, era orador . fascinante e conferencista de inapreciável valia. Os anais do Congresso Nacional guardam a memória de seus impressio– nantes discursos na tribuna parlamentar, e tão cedo não se– rão esquecidas, entre a mocidade que estuda em nossas esco– las superiores, as aulas do mestre insígne que foi Acilino de· Leão, estéta e sabedor dos mais altos que temos possuído. Com que embevecimento, e com que comovida atitude de saudade e admiração, os universitários de nossa terra, em uníssono com a unanimidade dos médicos paraenses, nos dão notícia do gozo esfiritual que se experimentava ouvindo as lições de mestre Acilino, fôsse pontificando como docente de Medicina Legal, na Faculdade de .Direito,. fôsse lecionan<;\Q

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