Revista da Academia Paraense de Letras 1954

88 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE f.F.'IRAS nós que a partida de R~nato para . outra yida 1 para a , subjetividade, pouco ou quase nada haJa repercutido no ambito de Belem, c9m a pro– jeção fu~az de um relâmpago de ver?o ? Tinha. que ~er assim ; m~s assim nao devi'a ser, porque o que dissemos acima sobre a p~rson_ah– dade, invulgar de homem de _letras :-: autor _e at~r ; co~ferencista, JO}'– nalista, homem de alto conceito esp1ntual, sao af1rmaçoes que l}?.e qao o vulto que o fazia crescer, na atualidade brasileira,, c~qio pr~me1cla figura de teatro, ao lado de Itália Fausta, que tambem Ja se foi e e quem brevemente falaremos . ..:-:.···· i:. ~~ié~ú~- 1~~idi~~~ · ã.~~~- ~~~~;/i~~i~~ · à~r~b~tar-iiie· ª · ~ ~1si.in~ i~ na sua tenda de trabalho; de um camarim . De certa vez aq}!i, . nesta Belém que amou cheio de enlêv.Qs. cuja terra de sua~ recordaçoes mfan– tís queria guardá-lo no seio que o embalou naquela idade. ; d~ _ou~a ef!1 Recife aonde como aqui cuidados e atf!nções dos seus e da c1enc1a evi– taram o surto fatídico, que, dias atrâ&, o levou afinal, porventurda sem lhe dar tempo à súbito instante âe lembrança da vida. Era a su3: err~– deira madrugada de glória e de silêncio, no túmulto podre das mgratI– dões e dos esquecimentos . Feliz que êle foi, partindo de cl1ofre do co~tacto pes~il~nto desta hora opalecente de misérias ; nesta hora refece crepusc~lana para o Brasil, tomado de assalto em todo os sdores por uma onda 1ri:;efreavetde insânia ; nesta hora destemperada crucial e amarga, em que a consc1en– cia dos homens são guaches. a se esbaterem, nos aceiros alcan~ilados de alarmante indiferentismo ; nesta hora já bastante longa, mais de Pfe– cioites esborcinamentos do caráter, da honra. da honestidade do dec 1 oti:o público, do respeito de si l)rópria : do desprêso ao bem estar da co e. 1- vidade ; ao bem estar e equilíbrio moral e econômico do país e da socie– dade ; da República e da Democracia · hora despersonalizada, sem o básico Princ1piº de Autoridade. figura' jurídica sumida da con_vi_v~ncia da ordem; hora de momentos estáticos de criaturas sem a sens1bihda_de comum a todo o c~d11c;Ião que ·presa deveres e olha a estabilidade social como a de sua propr1a famlia ; - n esta hora descompensada, em que tôd3:s as órbitas oculares da teri;a se e~vasiaram e todos os tímpanos ou aditivos perderam as faculdades de escuta · nesta hora treda, a fuga das esp~ranças da multidão, da· massa antigamente ignara, hoje r espeitada 1 t emida e procurada, tenta paral.Jzar-llies os anseios e arrefecer a sua fe na!! promessas dos falsos condutores enquanto a Democracia viu o se_u ternpJo se enc_her de vendilhões dos seus postulados sagrados, pelos quais milhoes de vidas se d er am em holoca usto voluntário, em duas guerr~s tr~mendas ; nesta hora .d~ ajeitadores e a jeitados ; nesta hora de_ ludi– brio~: de doloroso e aflitivo pôr de so·1. tudo tem acontecido, pois que el8; Ja se torn.O1,1 !}Uma longa hora d e agonia, dentro da qual, grup_o ex1guo de sohtanos quebra as cordas vocálicas nas gargantas resseqm– das nos protestos frementes de sinceridade pátria. de amor à verdade, ao m~smo temJ?o que, ouve o côro infernal dos turiferários da lisonja, da má fe, da _me,n~1ra, de tôdas as misérias que a batem as consciência ; n~s!a )1ora da~ msidias e emboscadas nas ínvias e escuras veredas da tra1çao 1mensuravel, que arrasta em sua larva de oús tôdas a s virtudes, expres– san:ientl? a~ teologas que ~nimavam a humanidade, esta que já não é ~ais feita a semelhan ça e imagem de Deus. pois que dêle perdeu o sen– tido e o esqueceu. Se Deus foi esquecido pelo homem desta hora martirizante, por q!,le o mesmo homem não esquece Renato Viana, com a sua obra admi– r avel e o seu_trabalho pelo Brasil ? . Esquecido, Renato! E nós na e~pectativa de vermos empa lidecer o brilho d1:)- Estrela Polar que o guiou na vida objetiva ! Será a des– crença? Y1ve d e~ci;l?nte o coração do homem desta hora de interêsses e sem magias de 1de1as ? François Cot..ppée era um descrente, e isto exprl?ss9u l_!uma quase sú~lica ao seu grande amigo, o abade Bouquet, em smtilaçoes do seu estro imortal . Êle lembrou ao padre :

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