Revista da Academia Paraense de Letras 1954

84 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE l E'l'RAS RENATO VIANA NOS REFOLHOS D.O PASSADO de ROMEU MARIZ os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos. A Comte. de Romeu Mariz (Cadeira n. 4 ) Em junho de 1953. no quarto d(;! hora . lite– rário da sessãú orqin~ria da Acadenu;,1 Paraens:) de Letras. o ..H.:adem1co Romeu Manz prestou expressiva homena_g(;!m à r,nemçiria do gra_nde intelectual Renato Viana, proferindo a seguinte palestra: Senhor Presidente, Senhores Ac:adêmicos . Com a palavra, ese!lareço. que pretendo dizer alg_o sôbte Renato Viana, que foi um paraense pelo coração, pelo amor e s1mpat1_a à ten:a, que sempre viveu na sua lembrança e nos seus pensares aíet1yos. Nao t raRo biografia, trago também lembr~nças. r ecordações que dele. guar– damos coisas afastadas, merecedo1·as de focagem, nesta oporturudade. Minhas reminiscências de RenaLo Viana datam daquela fuga que êle. ainda um menino, tentou certo dia. procurando o oorão de um r,avio aue ia zarpar dêste porto. leva:1do uma trupe teatra l, que a inclinação precóce do _garoto achava que devia seguir, sem o consenso paterno. Achei formidável aquela dee;isão do esperto rapazelho, que revelava, em anos tão verdes, forte espírito de iniciativa, ação resoluta, firmeza ele caráter e independência . l\fa_ginando naquele gesto, cu s,inii, mais uma vez, como a idéia domina o homem, avassalando todo o se u Sêr. assenhoreando-se do seu Eu. até o Subconsciente. e cêdo cman: ioando-o de sensibilidades casei– ras. q ue imbotam a vontade e deliquerem as energias para as escaladas da vida . Já viram que pequeno maluco ! Atrás de gente do teatro, a pior gente do mundo, depois de cigano! Diziam certos puritanos, em– buçados no fingimento de suas safaé'ezas escanças. Eu discordava, exacerbado. precipite. eu que deixara os meus pagos. também adolescen te, mamãe e tôda minha gente chorando 11qucla oa rtid a intempestiva. Não hou , e tremenhos que me retive:;sem. Vendi dois boiccos e um cavalo de sela, por dez mil réis de mel coado, aceitei al,gumas ofertas de tios e carentes r emediados e seguí do sertão para o litoral e:>1gajado n uma Cilrav;,na do it aliano Braz, abastado co– mcrciant0 ami;to de minha fam ília, que, disfarçando do coiteiro, o que fazia era servir aos meus maiores, l.llle a êlc me recomendaram à sorelfa. A mim. aquela viagem era a realização de um sonho, era vêr concretizada uma aspiração, - assent::!r pr açn. ser soldado, ser cadete da Escola Milita r.. - o que t udo acontcC'cu. com suru r,':a do Un An– tônio. dr. Antônio Mariz. meu oai d -.. cr iado e dcpútado federal , que no ano seguinte ao da minha fugida, J ccebia na casa em que sr hospr - 1fara no Andaraí. residência de meu primo. J)reto1· Nestor Meira de Vasconcelos, a minha v isita. ét visita do cadete Mariz, fardado de aluno da Escola Militar da Práia Vermelha . ,•

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