Revista da Academia Paraense de Letras 1954
i I REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 59 !idade infantil de O a 1 anc, a 39 óbitos por mil nascimentos ao envez dos 327 ocortidm, com as crianças não vacinadas»: Formando-me ·em Direito no ano de 1904 e seguindo para minha terra natal, ali encontrei imediata colocação, constituindo banca de Advogado com o eminente filósofo brasileiro dr. Raimundo de Farias Brito, fato êste que menciono semp~c com justificado orgulho. Em 1930, volvi ao Recife, já formado em medicina, encontrando o dr. Otá– vio de Freitas nas funções honrosas e merecidas de Diretor da Fa– culdade de Medicina recentemente criada. Busguei então conhecer a Faculdade, gloriosamente instala_da nc:: anti~o Derby, de gratas recor– dações, pois aii costumava fazer as minhas "noitadas,, aos sábados, quando estudante em corripanhia de colegas cujos nomes ainda recordo com sauda·des, entre outros, Heliodoro Balbi e Luciano Martins Veras. Visitando a Faculdade de Medicina, de que foi fundador, diretor e professor o dr. Otávio de Freitas, .: a convite dêste, percorri todo- o edifício acompanhado sempre daquê.ie meu ilustre amigo que me es– clarecia, orientava e informava a re,;peito de todos os aspectos da escola, os mais minuciosos, deixando-me embevecido de tamanha gran– deza intelectual, tão grande esfôrco empreendido pela ilustre classe m édica pernambucana capaz de grandes empresas pelos seus altos valores exPonenciais. Acompanhava-me naquela visita meu prezado filho e jovem bacharelando de direito, Raimundo Avertano Barreto da Rocha, que absorto também ouvia o Dr. Otávio de Freitas, animado e eloquente, quando rememorava o seu trabalho na fundação ·da obra que iria ajudar a ·sua imortalidade. Traçando a sua biografia, teria de dizer anos mãis tarde, com justiça e admirável propriedade de ex– pressão lvolino de Vasconcelos que ·•:, obra prima de Otávio de Freitas fôra a Faculdade de Medicina de Recife... Não se poderia dizer mais e melhor. Outras funções impoJ·tantíssnnas ocupou durante a sua longa vida o eminente médico cujas virtudes e merecimentos estamos bus– cando exaltar pálidamente nestas linhas de saudade e respeito, toscas e despretenéiosas. Em 1939, visitando ainda o Recife e pessoas minhas da minha família aqui residentes, encontrei o i)r. Otávio de Freitas na direção do Departamento de Saúde Pública. Fui procurá-lo no seu gabinete e, em seguida, na sua casa residencial. Encontrei-o já bastante enca– necido, mas a inteligência sempre lúcida, parecendo-nos cada vez mais brilhante. Os mesmos modos, o mesmo aplomb dos seus áureos tempos de moço. Sóbrio\ modesto, digno. circunspecto, era o dr. Otávio de Freitas homem ae poucas _palavras e dava mesma uma certa impres– são de orgulho que, se de fato exislisse, encontraria fundamento na certeza que tinha de que, durante a sua vida, sempre havia sido útíl ao próximo, quando nada pelo combate estrênuo à peste branca. Ade– mais, amigo das crianças e do seu pe,vo, além de genial condutor de jovens que, com segura visão do futuro, labutam nã seara médica. Através daquelas atitudes imperturbi:vêis do homem da ciência afeito ao seu metier, !obrigava-se um grande coração de colega e de amigo, de modelar chefe de familia, de benfeitor da humanidade. Otávio de Freitas, r,o momento em que me falava como Diretor da Saúde Pú– blica e :;;abendo-me já formado em medicina, muito discretamente, inculcou-me a necessidade de minha colaboração num dos municípios do interior, município de Bonito. se r,ão erro. Mas, outros compromis– sos r eclamavam minha presença DC' Pará e não me fôra possível aquiescer. Entretanto, quanto me sentiria glorificado em servir sob a direção de Otávio de Freitas ajudando-o lealmente no mistér que me f~sse dedicado, qualquer que fôsse o setor de ação que porventura me viesse a caber ! Além de médico, foi Otáv10 de Freitas beletrista eximia mere– cendo por isso a sua entrada na Academia Pernambucana de Letras. Outrossim, jornalista apreciável. tenuo dirigido o Jornal de Medicina de Pernambuco. Iniciou e realizou ate a sua morte a vacinação pelo B. C. G. no Estado de Pernambuco. Foi membro efetivo e honorário de várias sociedades científici:is e culturais do país e do exterior dentre as quais a Academia Nacional de Medicina, o Instituto Brasi:
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