Revista da Academia Paraense de Letras 1954
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE L:€TRAS 57 Daí por diante, criada a Inspetm·ia de Tuberculose foi com jus– tiça, nomeado seu pr imeiro diretor o dr. Otávio de Freitas, passando então o Dispen sário Octávio de Freii.as a funcionar no Deoartamento de Saúde e Assistência e o DISPENSARIO LINO BRAGA numa vasta depend ência do Grupo Escolar Amaury de Medeiros, continuando sempre aquêles dois núcleos de Meà1cina Social, Curativa e Preven– tiva a realizar e con cretizar os velhos ideais da distinta classe médica pernambucana. A 29 de outubro de 1930, com a queda da primeira República e subsequente deposição milita r do então pi-esidente Dr. Washington Luiz Pereirn de Sousa, su rgi u uma nova ordem 'de coisas no país, que atin ~i u a todos os setores da atividade humana . Quanto fôra obra do regime 11olítico anterior, quase sempre sofria críticas acêrbas, quando não a d estrui.c-ii,o por parte daquêles que num momento excepcional assumiram as-r édeas do poder. Lembro-me que, no Pará. minha terra natai, foi. encerrada a a tividade do Asiio da Velhice Desamparada, tão soment() porque a tienemérita instituição havia sido fundada no govêrno benemérito do Dr. Dionísio Ausier Bentes e sob os auspícios dêste insigne brasileiro. Desta éooca por diante damos a palavra ao r,róprio dr. Otávio de Freitas no a r tigo iá referido e publicado pelo 'JORNAL DE MEDICINA DE PERI\iAMBUCO". "Desalojados, em · 1930 por ordem do govêrno, os Dis– pensários da Liga contra a Tuberculose dos prédios oficiais em que estavam funcionando. não influi u êste fato pará eu abandonar a companha na q ual vinha me empenhando desde 1900. Fora da posição oficial de que me jnvestira o prof. Carlos Chagas. continuei na minha tarefa de ~ combate a tuberculose: procurando m,ra isto. erguer um dispensárío– modêlo na esplanada do Du ·by, onde h avia conseguido para tal fim um terreno re/á!ularmente espaçoso. Isto, logo no mês de janeiro de 1931. · Just a e contratada, a construção do edifício, em 1 de agôsto dêsse ano, o construtor meteu mãos à obra mas, vinte dias depois da colocaçiío da pedra fundamental, quando já estavam levantadas as paredes do prédio, recebo um ofí- , cio do prefeito municipal no aual solicitava aue. "ap esar do assehtimento do Deoartame-nto de Saúde Pública e do da Prefeitura". eu sustasse a sua constr ucão porque teve ciência a ue "vários esp~cialistas na matéria discordam quanto à localizacão, do dispensário para tuberculose no Derby" . Recebendo êste ofício imediatamente entendi-me com esta autoridade municioal, procurando demonstrar-lhe a nenhuma r azão do ato por ê le baixado. Esforcei-me em de– monstrar-lhe que o fato de ir ficar o novo dispensário situado em bairro populoso "onde se reune nos seus parques próxi– mos a elite socia l do Recife" não poderia ser motivo impe– die;-ite de aí poder êle funcionar. Mostrei-lhe que em São Paulo e no Rio de Janeiro existiam tais instituições em locais onde onde moravam as melhores familias e das mais fartas densidades de população. Fiz-lhe ver também que. longe de ser um malefício para os prédios mais próximos, o dispensário atuava à seme– lhança de casas possuidora~ de oara-.raios, obstando a conta– minaç.::o pe la tuberculose rlos seus moradores mais próxi– mos pois os tuberculosos que aí viessem receber conselhos e curatiYo~. sob a tutela sanitária de seus técnicos, apren– deriam e poria m em execu,·ão os meios de não se tornarem 11ocivos a seus semelhantes. Documentei as minhas assertivas com as opiniões por m_im solicitadas dos mais eminentes tisiologistas da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. tais como Alfredo Brito, Cle– rnentmo Fraga, Plácido Barbosa e Clemente Ferreira. Até
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