Revista da Academia Paraense de Letras 1954

,, REVISTA DA ACAf>EMIA PARAENSE DE LETRAS 55 sinceros da quase totalidade da clas:;e médica do Brasil e das nações sul-américas, .quiçá do mundo inteire. 1 Bastante justa pois, foi a decisão tomada pelo II Congresso da História da Medicina, elegendo a viuva Otávio de Freitas Membro de Honra do Congresso. A sua longa vid&. sempre ao -lado do seu ilustre espôso, fé-la merecedora de tão alta •distinção. De 1900 a 1904 batalhou o Dr. Otávio de Freitas com uma per– tinácia admirável no sentido de movimentar, a cidade pernambucana e criar o primeiro diwensário destinado ao combate intensivo e ininter– rupto da peste branca, fazendo-o cei:car de tôdas as condições indis– pensávei_s de um dispensário-modêlo. Para isso lança mão Otávio de l<"reitas de todos os recursos pos– síveis e imagináveis. Criou a cate1?oria · dos paraninfos que nada mais eram .do que pêssoas de elevado nível social, generosas e amáveis, capazes assim de compreender nitidamente a finalidade altruística da benemérita campanha. Fez mais : co:iseguiu que a Ferro-Carril, antiga companhia de bondes puxados oor muares, devolvesse aos coupons distribuídos entre · os passageiros por ocasião das viagens, como com– provante dos pagamentos das - passagens, a importância em dinheiro de um real, que -seria trocado na companhia em benefício da Liga. Realmente, êste engenhoso gesto da F'erro-Carril trouxe algumas van– tagens para a Liga porque as senhas de passagens de bondes passaram a ser avaramente colecionadas para !::erem oferecidas à Liga a pre– texto de um aniversário natalício. de um batizado ou de um casamento. O certo é que a uma hora · da tarde de 10 de janeiro de 1904' estava inaugurado o dispensário que, como justa homenagem, foi logo batizado "Octávio de Freitas". Era ae construção simples e elegante. edificado núm espaçoso parque ajardinado, compondo-se de dois gabi– netes, Quatro sa1as e outros comoartirnentos menores. O ato da inauguração foi solene. No quintal do prédio, situado à rua Gervásio Pires, estava armado um pavilhão com enfeites de canelas, bandeiras e galhardetes. No pavilhão foi constituída a mesa diretora dos trabalhos inau– gurais sob a presidência do virtu<1so prelado D. Luiz Raimundo da Silva BritQ, notável sacerdote, dotado de rara eloquência e, P._or isso mesmo gozando de respeitosa popularidade el).tre as familias pernambu– canas, D. Luiz Raimundo da Silva Brito ocupava o centro da mesa tend_o a ladeá-lo o Dr. Antônio Gonçalves Ferreira, governador do Es– tado e o dr. Otávio de Freitas ainda moco, .vitorioso e feliz na conse– cução dos seus sonhos de grande benfeitor da humanidade sofredora. O Dr. Leduar de Assis Rocha, ctil!níssimo presidente do Instituto Pernambucano de História da Medicina. descreve-nos aquela soleni– dade em frases emocionantes e expressivas. da maneira a seguir : "O orador oficial da solenidade', Dr. Lisbô.a Coutinho, faz belo discurso. Joaquim Loureiro, com a longa barba esvoaçante, fala em nome da Sociedade de Medicina de PE:mambuco, congratulando-se com a Liga pela inauguração do Dispensário. Por último, ora o Bispo. E em seguida, procede à benção do novo edifício : pelos corredores, pelas dependências, lá vai o bom prelado, orando e aspergindo água benta ; e atrás, o governador, o general Serra Martins, comandante do distrito, o prefeito Santos Moreira, o chefe d eoolícia, Gonçalves de Melo, e, oficiais, e médicos, e políticos, e r epresentantes de associações, e jor– nalistas, e familias, e todo um mundo de gente que borborinha na tarde de sol e de luzes. Costa Ribeiro lavra a ata inaugural. Uma r:md::! de música da Polícia toca em 1·eceocão ci.os convidados. E na estradii do prédio, duas meninas. a trôco dê pequena espórtula, distribuem cartões co~ a gravura do Dispensário. A do governador rendeu cinquentll rnil r eis (Cr$ 50,00) - bonita quant ia para o tempo. A do Bispo re :-:deu menos : vinte mil r eis (Cr$ 20,00). Damas da sociedade p ernambuc.:ma, Presentes à festa, acommmha rarn o o .:eco da est1órtula do Bispo. Foram elas : Cecília Cc:1moos, Maria Silveira e Belmira Araújo. Damas chei– rando a "Modcrn Style", a "Rivie1·a". a ''Kananga do Japão" .

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