Revista da Academia Paraense de Letras 1954

50 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRÁS p21a os que lembram e que não são lembrados. Para os que amam sem dizer, fechados num silêncio de orgulho e de humildade ; para os monges da ausência e da saudade ; para os que, lentamente, lentamente, renunciaram: para os que ·sonharam inutilmente e para os que inutilmente não sonharam ... Esta é a canção do outono, a canção imprecisa, crepuscular, êfemera, indecisa, entre o riso e o soluç0. Motivo musical dêsses poemas tristonhos, que, sem querer se aprende e sem querer se esquece·. Genutletorio de sons sôbre que me debruço, para soltar, ao léo, numa última prece, a mística sensual do meu último sonho ... A suave canção, crepuscular, êfemera, indecisa, que uma harpa aprendeu a ouví-Ja. de uma brisa, para só ensinal', depois, a um coração ... Êste me"ij coração inquieto, dorido, que aqui vai a vibrar, como se fôsse um passara ferido, morrendo em pleno vôo, a cantar , a cantar ... (De um recorte impresso, sem identificação) Dezembro de 1953.

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