Revista da Academia Paraense de Letras 1954
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS . 43 MíSTICOS E BÁRBARO S E O SEU AUTOR de BRUNO DE MENEZES (Cadeira n 32) Na sessão extraorclinária de 13 de Setembro de 1953, o acacH\mico Bruno de Menezes pronunciou a seguinte palestra sôbre o saudoso poeta paraense Antonio Tavernard : Em seu trabalho memoria•líst ico, "Um Poeta, um destino", Geor– genor Franco, o primeiro biografista sentimental de Antonio Nazaré Frazão Tavernard, o Toni, da amoráveljntimidade, registra que o nas– cimento do autor de "Místicos e Bárbaros" ocorreu à 10 de outubro de 1944, na então Vila do Pinheiro, atualmente Icoarací, modificação no– minal controversa, entre os indianólogos Jorge Hurley, José Coutinho de Oliveira, Ernesto Cruz e o saudoso latinista Remigio Fernández, que ocupou a poltrona de Acrisio Mota, nêste Silog~u Seu genitor, o Sr. Oti!io Tavernard, que teve largo tempo de serviços no escritório da administração da Santa Casa de Misericórdia do Pará, era um emotivo, dedicando-se à literatura teatral e sentindo t0da a unção lírica da poesia. Aquela que lhe deu a vida, ~ra. Marieta Frazão Tavernard, cuja ida para o seu lar celeste verificou-se seis mêses após a migração de seu filho Poeta para a Çanaã das Estrelas, possuía inteligência apri– morada e voltada par a as luzes do espírito . É de assinalar-se haver Antonio Tavernard aberto os olhos de sonhador na Vila dos enamorados das ·práias do Cruzeiro, bahhadas de luares de lendas quando os colar es de lâmpadas não a iluminavam, onde se escutam 'os soluços das ondas, que o insulto rabiscador dêstes per íodos de revivescência emocional, românticamente cantara : "Vila que eu amo ! Como tudo em ti deslumbra ! Simbolisas tan to a Mansão do meu Sonho, que estás dentro ·em minha alma, em lua renia penumbra". A lua che ia ela apaixona humanos olhos . . . Na longínqua amplidão das práias, nos parece que as ondas vão des~indo pr atead os folhas . . . E a minha Musa de tal forma se impressiona, que. se te vejo ao luar , fico menos t r istonho . . . Pinheiro, à luz da Lua, faz esquecer Verona ! " E 11:ste avata ro nostálgico vÍria repontar na sua poesia de ado– lescente, como na alma dos que vêm ao mundo trazendo um recôndito destino para marinheiros . E assim coniessa: "Nasci v n frente ao ma r . Meu primeiTo vagido misturou-se ao fragor de seu bramido. Tenho a v ida no mar ! Tenno a alma no mar 1
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