Revista da Academia Paraense de Letras 1954

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 41 "O' d q ue gr an es esperanças me dá esta sementeira ! O' que grande exemplo me dá· êste semeador !". A vida de ~oão Algredo de Mel_!donça é como um capítulo de ro– m~nce onde o leitor encontra emoçoes fortes e passagen s sentimen– tais. Nascido no velho e hospitaleir o município paraense de Abaeté a 23 de Junbo de 1889, muito cêdo, ainda, conheceu as asperesas dá vida. Os meus sonhos de moço eràm, assim, como os condôres : voa– vam alto. A realidade, porém, prendia-o às contingências humanas. E, assim, teve de enfrentar e de contornar obstáculos vários e IJ}Ultiplos . O pai quiz d ar-lhe uma profissão com que pudesse en– frentar melhor as co_ntingências terrenas. Desejou que o filho fosse litogr afo. Porém, João Alfredo de Mendonça preferiu ser encader– nador. E principiou modest amente a abanar, na Imprensa Oficial, a p an elinha de cola . Não é de envergonhar . O nosso grande Machado de Assis foi vendedor de r ebuçados. De pois dessa primeira experiência p assou João Alfredo de Men– donça, a oficial de justiça em Belém, e a Promotor Público, no Acre . Êste _é um episódio que teve influência na s1ia v ida . Certo dia resolveu tentar a sorte em Manáus. Embarcou num d os gaiolas que na– vegavam o Amazonas, .até o Acre, e cujo comandante prontificou-se a ajudá-lo nesse instante, levando-o de graça ao seu destino . Em Manáus não con seguiu, contudo, materializar o seu sonho . Voltou para bordo disposto a regressar à Belém . T ão disiludido e aca– bru nhado estava com o insucesso, que o comandante do velho gaiola, seu amigo e confidente, levou-o consigo, até o Acre . E lá deixou-o r ecomendado a um magistrado -pr obidoso, que cu idou do moço par aense, como se fosse ~e um próprio filho, recop– fortando-o com pal avr as e com a tos que f izeram renascer as esperan– ças no espírito do jovem sonhador . Esta é uma passa&em impressionante de sua mocidade romântica, que me a bstenho de r evelar, porque, decerto, um d ia, J oão Alfredo de Mendonça nos brindar á com as suas "MEMó RIAS" . Mas, desde aque le insta nte, começou par a êle uma nova existên- cia pontilhada de venturas . · Deu-lhe Deus a oportunidade de conhecer a moça ql!e viria a ser a esposa ded icada e amantíssima de todos os instantes. Retornando a Belém, dedicou-se com mais carinho a vida de im – pr ensa . E revelou-se aqui e no R io de J aneiro, n a " FOLHA DO NORTE" e no "JORNAL DO COMÉRCIO" , o jornalista vibrante e in– conf undível que é. Dona de u'a memória admirável, cita fatos e r elembr a per sona– gens, como se êste e áque les fossem , dos dias a tuais. não esquece por– menores . Recompõe episódios vividos na sua mocidade, com abundân cja de detalhes e de colorido. 1 E, com a felicidade que retém, assim ti:ansmite aos seus le itor es, a través das su as maravilhosas crônicas, fatos que constituem, in egavel– mente, páginas emocionantes da história social paraense, e que virá a ser o capítulo mais vigoroso do jorna lismo do vale. Nesse trabalho está projetado, de modo inconf undível , o in- telectual primoroso e o jornalista o.e escól , l 1

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0