Revista da Academia Paraense de Letras 1954

REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS 87 E aqui o temos hoje, não para que se detenh a emocio!1~do, p er tur - quarto de estudante, em Coimbr a, mas em plena festa esp iritu al. . Posso r epetir como Clá udio de Sou sa, referindo-se a Clementmo Fraga, substitu to de Afonso Celso, n a ' Academia Brasileira de Le– t ras: - Recebestes uma das heranças mais ricas .desta família ! A obra de J oão Marq ues de Carvalho é h er ança opulen ta e bem cu idada . ' Trabalho primoroso como o do our ives que tran sforma o ou ro · em j óias, preciosas, ou de escultor que faz da pedra bruta a imagem b endita. No J orna l ou no Livro, no roman ce ou no Teatro, J oão Marqu es de Carvalho deixou as caracter ísticas do se u tal ento, os primor es da s ua inteligên cia, os traços bem for tes d a sua per sonalidade . Não reverenciamos o morto, po_rqu e - "só morre o homem que viveu, apenas, a vida do corpo". Nesta hora evocativa, n ós homenagea– mos o homem que fez a obra dU1·adora, o artífice da palavra, que soube empregá -la para a definição do belo, do sublime, r im::mdo-a, domand o-a com o sentido espiritual que é o prêmip d as emoções . Não se i de melhor lavrador do que esp alha a s sementes do espí– r ito. Magn animo trabal hador que no campo das idéias faz nascer a p la nta que se tra nsforma em árvore e dá flores e dá •frutos sazonados e gostosos . Na obra de J oão Marq ues de Car valho e stão as sementes que João Alfredo de Mendonça, qual o lavrador de idé ias, espalhou neste recinto p ara qHe medrem e vicejem , e clêm f lores e frut os . O .'JORNALISTA Jornalis ta foi J oão Marques de Carvalho. J ornalis ta é J oão Al"– fredo de Men donça. Dizia de uma feit a o professor Antôn io A ustrege– liso q ue, comumente os homens de letras nascem do jornal. E que "só m ais tarde é que surge a diferenciação dos espíritos combaten tes e dou– tr inários da imprensa e dos que serenamente lançam no pápel as ma– gi as silenciosa s e inspiradas dos sonhos" . Na h istória do jornalis ta nacional vamos encontrar nos primei– r os anos do século XIX, a figura singul ar do f undador d a impre ns a brasile ira, aquele H ipolito José d a Costa Per eira Furt ado de Mendonça. É outra coin cidência que r ecordo n esta solenidade . De origem modes ta, de ideais elevadas, estudou em Coimbra e sofre u e lutou ardentemente, sempre tendo como jornalista, o desejo de ser útil à coletividade. Embora vivesse- a m a ior parte da su a vida longe do ambien te brasileiro, Hipolito da Costa, nunca este ve alheio às contigências e às necessidades a os problem as n aciona is . Como jornalist a calculava o desenrolar dos acontecimentos com aquel a ser enidade dos m a te má ticos, solucionando fórmulas e indicando r esultados . F_?i assim_qu~ es t~dando o pronunciamento do povo p a r aense à revol~ao co~st1t~c1onallsta do Porto, de que r esultar ia a convocação d as cort es, H1pohto Me ndonça escrevia : "Os br asile ir os n ão poderão v iver com olhos tra nqu ilos e sem natura l c iume que seus convassalos em Por tuga l te– nham côr tes e não as h aja no Brasil" . E va ticinava :

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