Revista da Academia Paraense de Letras 1954
JOÃO REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE I.F.:TlV,S ALFREDO DE MENDONÇA de ERNESTO CRUZ (Cad eira n. 7) Em sessão solene da Academia Paraense de Letras, realizada no dia 13 de dezembro de 1953, foi empossado na poltrona n. 23, patrocinada por ,João Marques de Car– valho, o jornalista paracnse João Alfredo de MJmdonça Em nome do Silogeu sàudou o novo "imortal", o acadêmico Ernesto Cruz, que pronunciou o seguinte brilhante dis– curso : Estudando a personalidade de Garcia Redondo, dizia Luiz Gui– marães F ilho, em discurso proferido na Academia Brasileira de Letras, que o caráter· afetivo da individualidade daquele festejado jornalista e prosador, manifestava-se às pessôas e cousas de sua juventude. • E r elatava, naquela linguagem rica de imaginação e lavorada pela cultura, um episódio que bem caracterisava o amôr de Garcia Redondo, exatamente pelas cousas que os anos não lhe deixaram esquecer. Um dia saiu de São Paulo com destino a Coimbra, para rever o quar to onde passara os dias mais alegres da sua vida universitária. Deixou a familia no Hote l e subiu a lade ira tradicional, onde ficava a casa dos velhos Seixas. É L uiz Guimarães F ilho que r e'(ela o detalhe d a visita evocativa : "E sobe Garcia Redondo a mesma escada de degráus baixos, a es– cada de João Penha ! e abre a mesma porta de madeira roida, a porta de Gonçalves Cresp0 ! e arrima-se à mesma parede de cal desmaiada, a parede de Guerra J unqueiro ! e afinal bate palmas como trinta e quatro anos antes . .. .1 - Que deseja o senhor doutor ? indaga uma voz de mulher. - Quero visitar o prédio, senhorita. - O prédio está alugado. O senhor é da h igiene ? - Sou um antigo morador desta casa e venho visi tar o meu quarto se menina der licença. A moça concordou, não sem avisar, que o quarto tinha hospede, um estudante da Universidade. Nada o detem. Garcia Redondo apanha a chave que estava no chão - "abaixo da porta" - como no seu tempo, dá volta na fechadura, e abre emocio– nado o seu quarto. Aquelas pa redes, aquelas janelas abertas como trinta e quatro anos antes, aquela desorganização, aquele estudante dormindo, indüe– bado, diante das suas memórias, como Garcia Redondo, ,dentro do seu rente à presença de um homem que recordava o p assado, abalaram Gar – cia Redondo. E quando a moça procurou saber se era mesmo aquele quarto que o mestre procurava, notou um brilho difer,ente nos seus olhos. Ê que o velho cronista não pudera conter aquela l agri ma q ue d escia s ilenciosamente pelo s.eu r osto . É esta, a emoção que deve sentir João Alfredo de Mendonça, quando traça as recordações do seu tempo de moço, da sua época de jornalista militante da "FOLHA DO NORTE", ao lado dos homen s mais talentosos da sua época .
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