Revista da Academia Paraense de Letras 1954

'REVISTA DA ACADE"11IA PA'RAENSE DE LETRAS da de espan tosa, aproveitando ~ calma de Llndolfo e a minha sofref:luldão. Tinha a capacidade de tocar na tecla sensivel dos Imorta is e mover o empenho que me– lhor se a justaria ao seu desejo. Disso d eu as melhores provas na campan h a com q ue concorreu ao exercício do suspirado~"fauteu11". Admira -me que até agora n~o o h aja co_nseguido. Ou a êle tenha renu nciad o . Por que n inguém dispunha de arma t-ão certeira na pontaria do objetivo, de faro t ão Instin tivo na caça do voto. Sei disso porque, na m ar atona em_que Juntos nos empenh amos, sen ti de perto a ln – fluência d e seu engenho na arte d e reunir sufrágios. Trabalhando n a sombra , sem a larde 9u espavento, antes com a per icia d e um escafandrista , J úlio No– g uelra sabia d ar a estocada cer ta n a corda eenslvel do eleitor. Um d os votos mais dlficels de pescar ou extrair na Academia é o de Ataulfo d e Paiva . Par tindo do principio de que o candidato de'Ve regar por multo tempo as roseiras do eleitorado, Ataulfo se fez flôr ao píncaro, uma espécie de "edelwetss". Para chegar a êle, o pretend ente necessita p raticar alpin ismo. Só n a última semana que precede à d ata da eleição é que éle recebe o candida to e lhe dá a esperança ou o desengano. Quan do as coisas Já estão esclarecidas , e selado o destino das ca ndida turas. Com essa tática , o Juiz n ão erra q u ase n unca a sentença. Poupa-se ao t rabalho de promet er um voto. que não pode dar ; ou ao Incômodo de oferecer um desengano suecetivel de corrigir. A J u lio Nogu eira cabe a glória de haver modlflcado essa diret riz !nvarl óvel e sábia, conquistando o apóio d e Ataulfo para o me u nome na prlme!ra arra ncada. De u m salto êle transpôs o espaço de tempo necessário à escalada do Monte Bra nco, sem o clâssico regador que o tamoeo Juiz exige dos q ue querem obter a poltrona azul. De que modo ? O leitor - se é candida to - espera, cer tam ente, q ue eu p asse a h istoriar a q\Ú o "tiro" que p roporcionou ao meu competid or o a lmejado su!rãglo. Isso é, por ém, u ma receita que não da ria o m esmo resultado, se rossc repetida . Além d o ma is . modificand o o adágio p opular , eu aponto o san to, mas não conto o mllagre . .. E o episód io, rodeado de m istério, ad quire mala orl– ginnlldade e sabor llter á rlo. Não foi essa , al!âs a única Interven ção do meu d!léto concorrent e a "capin ar" o t erreno em q ue eu la vrára . Pnra obter o voto de Alcân tara Machado, que era dos mais esquivos e enigmáticos, eu havia consegu ido de Osva ldo d e Sousa e Silva q ue m ob11lzasse em meu fa,vor Leon ldlo Ribeiro, seu amigo do peito, em tõrno do qunl füe razia uma razoável publlcld acte, estampando fotografias de todos os con g ressos onde se v!n Leon fdlo com n calva à mostra. Por nquele tempo, 0 lau– r eado professor d e m edicina legal , era "dono" de, pelo m enos, três votôs acadê – m icos : o de Afrán lo, ele quem devia torna r-se Ó sincero e comovido biógrafo, e mais os d o autor de " A vida do ban deir ante" e o de Levi Carneiro, pelos quais mult o se havia batido q ua ndo candidatos . Se n ão logrou as Impressões dlg!tale do vo to de Levi nos sufrágios que me elegera m (apesar da promessa que êste lhe !izéra por escrito ) Leoniclio conseguiu a simpatia t ão distante quanto honrosa do me5trc paulista p a ra o meu nome. Na manhã do pleito êlc tin h a me telefona do em nome de Alcânta ra para saber qua1 doe qua tro escrutínios me seria mais útil, revelondo-mc que Jullo Nogueira se flxárn n o pr imeiro. E aconselhou-me, com sua experiên cia d e cabo eleitoral, que me fixasse no segundo, porque, sen do ma u, de t rês os candidatos e alguns d êles basta n te fortes, só do segundo em dian te surgiria a decisão. Acrescen tou mais com sua prática das t rlcns acad êm icas: a inda q 11 e cu n fi() fôsse eleito, teria d ado em ta l escr u t ínio a medida d as minhas possi– bilidad es, saindo bem d () torneio . Aceite! o al vitre . E ali mesmo, na visita que com Os valdo d e Sousa e S!lva fazia a Adelmnr Tavares (en tão en!ermo n uma casa de saúde) decidimos con correr na aceitação do segu n do escrutínio, porque o pri– meiro, com o qua l também con távamos. Alcnnta ra teve necessidade d e atender às hâbels m an obras em que o en volvera a sedutora tática do meu perigoso con- corrente J u llo Nogueira. ' concentra n do ne derradeiras esperan ças na urna tio segundo eecrutlnlo do pleito de vinte e oito de outubro de 1937, cu mo deixei tlcar na t a rde d êsse d ia 1

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