Revista da Academia Paraense de Letras 1954

,. :l4 REVISTA D A ACADEMIA P ARAENSE DE L ETHAS considerável : a que vai da bigorna de um ferreiro ao sol:tr d as eminências es– telares do pais . De que modo o consegui ? A custa de bla ndlclas, de cu rvnt u rns d e espinha , d e rap a.pés, d e transigên cias, de acomodações, de zumba ias, de salamaleq u es , de ~ capi tulações ? Ou de fica r em p é à porta dan do p assagem aos out ros para esperar m inha vez n a rabadllha das vitórias nlhclas? Nada d!sso. Meu combate roi ll luz do sol. Um duelo à claridade . Um arrem êsso de Ju– ventude, um golpe de audácia (vá lã que o seja !) mas um desejo de r estitu ir. à minha terra n a tal a polt rona que lhe rnltnva desde n morte de José Verlsslmo e Ing lês de Sou sa, os ú nicos representan tes que o Pará logrou ter n a AC!1demla. Se ainda hoje m e envaideço dessa luta, dessa campa nha, - digo-o s em fa lsa modéstia - é m enos por m :.m do que pela circunstância de h aver logrado devolver ao Parã e à região amazônica um lugar no Sena do das letras n acionais . Por essa flâ mula, que ralou m ais alto em mim do que as p equen as vaidades lncilvidua is, não ligu ei a em p ecilhos, óblces, ponderações, conselhos, prevenções e m á vontac!es . Sobretudo a estas últimas que eram em número ponderável den t ro d a própria Aca demia . A m!nha revelia , sem que eu, em verda de, houvesse da do ca usa a tanta Indis– posição, m nlq u ista ram-se comigo vários acadêmi cos, que deviam ser meus Jlllga– d ores e eleitores. Cito-os sem n enhum ressaiba . E até orgulhoso de que ulguns dêles se h nJam convertido em verdad eiros e leais amigos, como Ataulfo de P aiva, de quem h á tan tos a nos recebo constantemente provas de afeto . Combateram a m inh a ca n didatura . Ou nega ndo-me o voto. Ou negando-me o cilrelto de aspirá -lo. Soma vam bem m e:a dúzia. Se· bem m e recordo, formavam uma equipe d entr o da Academ ia : Gustavo Ba rroso. RodoUo Garcia, Hélio Lõbo, F ernand o Magalhfles, Afrânlo Peixoto , Oleg ário Maria n o. Dêsses todos, lrredut lveis n a m a n eira de apre– ciar-me só o últ imo se compor tou como cafajeste, que o é. Os 0 1 utros, n ão. Ainda, q u e me Julgassem literà r la e socia lm en te n ão como e.u ern, m as como queria m que eu !ôsse. comportaram-se em todos os transes de m inha cn1n panha como " gcntlcmen " , n agando-me o seu voto, m as evitando retal!ações lncompatlveis com a d ignidade da Institu ição . Mesmo Barroso, com quem cu trnvá ra uma polêmica llterária de êxito d uvidoso para êle, e que se agastara comigo por eu h aver re -, plicado a uma Insinuação dé plnglo que me atrlbtúra , Jam ais ult r ap11ssou. n as suas prevenções, cs l!mitcs em que cavalheiros se desen tend em. Olegário , porém , m olequ e desde os g rogomllos a té à den tadura postiça, ap roveltav:i a delicadeza d a m in h a slt uaçãc> ele candidato para vingar-se de uma tolice que n os separára 11avla muit os a n os, provoca n do um amu o que n ão seria Irrem ediá vel, se entre o seu caráter e o meu não h ou vesse um a bismo que eu preferi nunca m ais tran spor. J á qu e estam os ambos em perlodo de con f!S8ões (pois êle também escreve as suas memór!as. com um titulo, por sinal p lag iado de Snn cha Gultcy : Si j 'a i bonne m emolre) vou dar a minha versão sõbre o estremecimen to q ue nos devia sep:,rar para tõda vid a, tornando-o, a êle, um In imigo feroz e rraco, e a mim um adver – sárlc> Iea1 e ln vencivel. Ha via cu publicado o m eu pr imeiro livro d e versos, n " Oan sa d os Pirlla mp os", cuj n edição se ven dia razoàvelm ente. Encontrava-me nn antiga Livraria Lei te Ri– beiro, c u rlcseando sôbre a vendagem do volume, qu an do, se ap rox1m11 do mim um cidadão de m on óculo, espécie de a t.tach é literário da época . Nsda publicava, m s s qu eria saber de tud o. Chamava-se J aime Ovalle, ou coisa parecid o . Vendo-m e em fren te d e um d os balcões pergun tou -me pela salda do livro. Ent usiasma do com as pr imeiras noticia s do p r !mogênito, eu exagerei, certam ente as cifras da catréia . P ois o tal cavalheiro. n ão levnn do em conta que eu era u m prin cipiante, saiu-se com esta : - Isso n ll.o é n ada . O Olegário acab a .de publicar um livro (referia-se à "Cid ade Maravilhosa") e Já esgotou n ed içáo. Sem Im agina r que tinha d !a n te de mim um Intrigante, eu lhe ponderei : - Mns o Olegário é um velho poeta. Depois, as edições do Pimen ta de Melo, que Ianqo u o livro, são redu?idas. E as do Monteiro ~ obato, q ue Ge c11ca rre;;ou cio m e u. sãp n o m in lmo de três mil exémplares . Eõcn que t al d isseste ! Na mesmu t arde o u no dia S'-'g uinte . minha afi rmativa entrava n os ouvidcs cto Ole!!,Ú!''.O. ~o– prada como uma lntri~a. o vnte das " Clgnr n,s" , que me recebem 11té corcih lmento. qua ndo fôramos pela p rimeira vez apresentados. e até elogiara u n s , ers:is m et.s publlcdos ne. " l lustraçúo Brasileira" p or Al~a ro Moreyra, nunca rne perdoou a resposta razoável. T a lvez por h a ver Ovallc ca rregado n a cxr,ressáo "velh o poeta", que tanto lhe d ói na cer tld íio de Id ade e quase 101 causa de frustrar-lh e o Sen ad o

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