Revista da Academia Paraense de Letras 1954
RffiSTA DA AC4l)EM1A PARAENS~ DE LETRAS JOGO DO BICHO "Folclore do Jõgo do B!cho" é o estudo de Osvaldo R. Cabral, recente– m en te divulgado em separata de "Douro-Litoral'', a mai nl!lca publ1caçáo d1, c o– missão Provincial de Etnogra!la e História da Junta da Provln cla do Do,,;:ro– Litoral. O est udioso catarlnense faz uma Interessante apreciação a respeito do jôgo do bicho entre nós, enriquecendo seu t rabalho -ainda 1:le uma glria dos Jogadores. "Ul\1 ESTADISTA DA REPOBLICA", DE 1\ FONSO ARINOS Afonso Arinos está conclu indo seu anunciado livro sõbre "Um estadista da República" , blogratla de Afrânlo de Melo Franco e ao mesmo tempo um estudo e,!;l profundidade da primeira República brasileira. O livro terá proporções monumentais, devendo ser apresentado em três volumes de cêrca de quinhentas páginas cada um . O editor José Olymplo, ao que consta , está disposto a Investir a té um milhão de cruzeiros no lançamento da obra , para a qual Luís J ar dim está fazendo retratos a bico de pena. Os dois primeiros volumes Já estão escritos . O terceiro volume, de doze capít ulos, já tem quatro caplt ulos prontos. Ap_esar da sua Intensa atividade política, o livro é, no moment o, a prin– cipal preocupação de Afonso Arinos. O ENTERRO DE CASTRO ALVES "O enterro de Castro Alves ficou em 650$000, impor tância que no tempo da ria pa ra a aquisição de um excelen te plano . Três meses de ordenado do pai d'a Academia de -Medicina. Não sobrou dln.he !ro pnrn " aqulsiçito da sepultura pró– pria. Antes dêle já haviam morrido os pais e um lrmf10 e a situação econômica precária não permitiu que se cogitasse da construção de um Jazigo de famllla . E continuou pelos tempos em fora, feito eterno sent!ment o de culpa da Bahia, o clram a do poeta sem campa própria. Quan to ao dispêndio excessivo acarretado pelos en terramentos, Charles Expllly anota : "Cada qual ambicione transformar os funerais em exéquias e multa vez os vivos se a rruinam para ent errar dignamente os mor tos" . E considera êste ritual apa ratoso do sepultamento em nosso pais uma sobrevivên cia africana, fian– do-se numa citação de Llvingstone: "A grande ambição dos angoleses é fazer funerais pomposos em memória daqueles que amam . As despesas ocasionadas nês– ses mom entos são túo grandes que levam muitos anos para serem saldadas" . E sa iu o féretro pela manhú. A pompa estava nos cocheiros vestidos ele escar lat e, nos cavalos tão amados do poeta e que ma'.s uma vez iriam conduzi- lo e no caixão, niio rubro e dourado, pois ali não la an jinho, nem lilás, a côr reser– vada às donzelas, mas, como viu Expllly, amarelo com listras prêtas, numerosas listras prêtas, tôdas elas. d e acôrdo com a simbologia do tempo, significando so– frimento . . . " E saía o féretro de manhã. o poeta preferia que salmen to fõsse como sem– pre se preferia fazer, à noite, à luz dns tochas, na "marche-aux-flnmbeau x·• ma– cabra em direção ao cemitério.. . Preferia ainda que t al nos velh os tempos, o se– pultamento fõsse na Ig-reJa, macula<ln pela presença elo padre que êle invectlvava , m as t ra nsbordante, contudo, da respiração de Deus... Mas n ão foi o sou pnl que, peran te a douta Con gregação da Fnculdade Médica da Bahia, defendera a ntiga– mente uma tese "sôbre os enterramentos por abuso praticados n as Igrejas e re– cln to das cidades" ? A _morte foi um espetáculo . custou o enterro 650$000 (sem contar o \;erre– n o n o cemitério, é óbvio) . Vinte anos antes Ewbank se Impressiona ra com o alto dispêndio cios funerais no Brasil : ch egava a mil dólares. Mas o norte-americano deve ter calculado multo por baixo. Tsch udy, n o Rio de Janeiro, faz avallnção àlferen te ; "O entérro pa ra uma. pessoa abastada (Isto pelas alturas de 1860) custa,
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