Revista da Academia Paraense de Letras 1954

Í48 REVlSTA bA ACADEMIA PARAENSÉ DE LETRAS NOTíC IA S DI V-ER SAS OSVALDO ORICO E "O TIGRE DA ABOLIÇÃO" Osvaldo Orlco, a quem devemos uma biografia de José de Alencar e out ros tra balhos do mesmo gênero, acaba de apresentar, completamente refundido, o livro que dedicóu a J osé do Pn_trocínlo, sob o titulo "O Tigre da Abolição" . Esco– l.Ilendo ·êste titulo para n obra - o mais completo ensaio biográ fico até hoje es– c rito sôbre Patrocfnio - Osvaldo Orlco o justl!lca no prefácio : porque se trat a de uma figura que "representa bem n espécie felina em sua destinação de fôrça e tirania". Há certas vidas, ouja narrativa dispensa todo tratamento român t ico, táo romãntlcas Já são elas na própria essência . Assim, não precisa o biógrafo empres– ta r-lhe um colorido Ideal; basta narrar a verdade, para que da i se desprenda por si mesmo êsse colorido. Foi o que fez Osva ldo Orlco, com a pericia d e quem Já está habituado a t ra balhar a matéria plástica da biografia . Lê-se o livro num crescendo d e lnter ésse, destacando-se o vulto d e Pa trocínio vivo aos n ossos olhos, quer no moment o heróico de 13 de maio, quer nos t ristes dias de Engenho de vest ia no..momento, encontraram -se doze m ll réis : "Migalhas de uma fortuna que DentR'o, onde a morte foi encontrá-lo na maior miséria . No bolso da ca lça que vestia encontra ram -se doze m il réis, migalhas de uma •fortu na que amou a p ro– dlgallda de, e que mal dava para encher de azeit e as candeias". A present e reedição de "O Tigre da Abolição" (comemora.tiva do centen á – rio d e Patrocínio ) é luxuosa e copiosamente Ilustrad a. Divide-se o tra balho em se:s pa r tes : Berço, Escalada, Ação, Irradiação, Apoteose e Decllnlo. "Na recons– tituição d a vida de Patrocín io, que an tes desta obra só fôra t entada parcia l– m ente - diz o autor - a imaginação não desempenhou nenhum papel contra a ver dad e". (Do "Correio d a Ma nhã" , do Rio). LIVROS A QUILO O livreiro-editor Francisco Alves (o mesmo que deixou seus m ilhões pa ra a Academia Brasileira) era um homem boniss!mo, mas . d e a titudes por vezes bruscas e quanclo se zan gava , ia logo aos extremos. Conta-se que irritado com um dos escritores que editara, mandou Junta r todos os exemplares restantes da obra do mesmo e colocá-las na vitrin a com um grande cartaz em que se lia : Obra.s de F . a m il réis o q uilo. Mais a ba ixo, em letras bem grandes e vislvels : E ainda é caro. A ESTRÉIA DE FAULKNER Wlllam Fa uJkner (o grande romancista no rte-americano, Prêmio Nobel ele Literatura) Já havia fracassado eth diversas p rofissões, q uando velo a conhecer Sherwood Andersen, de quem se tornou a migo . Escreveu en tão um romance e fo i leva r-lhe o m a nuscrito. - Meu caro - decla rou-lhe Sherwood Andersen - se você promete não me obrigar a ler Isto eu a rranja rei editor pa ra a obra. Faulkner concordou e o livro "Sodyer~ Pay" foi edita do, ma rcando o ini– cio clll carreira literária do romancista.

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