Revista da Academia Paraense de Letras 1954

REVISTA DA ACADEMIA P A RAENSE DE LETAAS 127 No aeroporto de Belém Aguardavamos a partida do avião, quando de nós se aproximou a figura r espeitável e simpática do Dr. Barbosa Lima Sobrinho, ex– governador do Estado de Pernambuco e atual presidente da Academia Brasileira de L etras. Realizados os cumprimentos de praxe, tive logo a impressão de que me achava em frente a um dos maiores cultoxes das letras pátrias, estadista notável e vulto de grande projeção no Es– tado de P ernambuco, onde formei o meu espírito bebendo as lições cívicas dêsse outro Barbosa Lima que nos meus tempos de moço ír– radiava simpátia, ao lado de Lauro Sodré, Benjamim Constant e outros próceres do regime repul;Jlicano. · O Dr. Barbosa de Lima apresentou-nos imediatamente ao Dr. Arthur Caetano da Silva, sobrinho-neto do grande Jo_aquim Caetano e ao Dr. Júlio Marinho de Car valho que, acompanhado de sua espôsa, ía também ao Amapá ·fazer entrega da urna, para nós sagrada ao go– vern ador do Território. Todos êstes vultos da intelectualidade brasi– leira, cada um por sua vez, sabedores dos esforços da Academia Para– ense de Le tras, revelados dias antes, demonstraram profusamente a sua g ratidão. A Viagem Correu sem acidênte notável, pondo de parte alguns balouças hrnis ou menos prolongados do avião, em consequência de repetidas "turbulencias". O tratamento a bordo do avião foi como de praxe, bas– tante cordial, respeitoso e amigo. Nada faltou a bordo, nem mesmo o confôrto da s ua distinta tripulação. ' No Território Federal do Amapá Após uma h ora e quarenta minutos de viagem chegamos ao Amapá, onde -fomos recebidos pelas autoridades locais tendo á frente êsse vulto destacado de cavalheiI'o, estadista e oficial do glorioso Exer– cito Nacional que é o coronel Jana.ry Gentil Nunes, o qual nos tor– nou imediatan1ente "hóspedes oficiais", instalando-nos em excelente aposento do Macapá-Hotel. Ali, aguardamos a chegada da urna fune– rária de J oaquim Caetano da Silva a qual deveria chegar no dia se– guinte em dois cruzadores da Marinha de Guerra do Brasil comanda– dos pelo capitão de m ar e guerra J. Perefra Machado. Naquele mesmo dia, a comitiva tomou parte em um almoço intimo na casa de residên– cia do próprio governador de · Amapá e sua família, que nos ench eu das mais a ltas distin ções tornando-nos cativos de tão cordial acolhida, qua ndo v iamas prodigos' de gentilezas a digna espôsa do coronel Ja– nary e. o venerando pai daquele governador, o no_sso prezado amigo Ascendmo Nunes que já conheciamos, quando da sua passagem como prefeito dos municípios de Alenquer e Marabá, no Pará. A noite, jantamos no Macapá-Hotel, todos os da comitiva, na companhia das mais altas autoridades Amapaenses, de onde sobressaía o vulto m agnífico do monsenhor Aristides revestido da sua indumentá– ria prela tícia, pois S. Excia. é o benquisto prelado do Amapá. Man– tivemos com o digno antíste uma palestra interessante e agradá·:el, dada a sua cultura e benevolência. A Chegada dos despojos No dia 17 de outubro decretado feriado municípal amanhecera en– galanada a cidade. Ia receber os despojos mortais de um imortal bra-

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