Revista da Academia Paraense de Letras 1954

) REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE: DE LETRAS '~ J 121 iluminadas para serventia do público. Na outra parte do largo, onde hoje se acha o mastro da Bandeira Nacional·, havia uma enorme pista de madeira, em declive, na qual, aos domingos à tarde, se mediam em tor– n e io, os CQrredores de bicicletas. Esta pista foi precursora do Velo– dromo que se instalou depois no terreuo em que está edificada a Vila Maria Leopoldina, em Nazaré . . . . Pelo caranval de 1901 a Perfumaria Universal, situada à Rua Santo Antônio ,empório no extremo norte das mais finas perfumarias de P aris, lançou os primeiros espec1mens dos l anças-perfumes, em tubos de dez gram3is. Foi um acontecimento. Tinha mais, as bisnagas, os revól– veres, che10s de loção perfumada . . . . Nessa época, nos principais salões da cidade, Sport-Clube, Clube Eute rpe, Clube Mozart, Recreal:va~ Clube Universal, Ateneu Co– mercial, só se ouviam as lindas va~sa:; a e Emil Waldte ufel, Rodolfo Ber ger, Octave Cremieux, Emile Weseu, Alfredo Margís, Ernest Be– cucci, que embriagavam com as suas melodias c1vassaladoras, a grande roda frequentadora dos bailes . . . . Quem partisse do Ver-o•Pêso, pelo Boulevard da República, em direção ao local onde está hoje o edifício da SnappJ percorreria na mar gem da baía, a série de trapicnes, numa dispos1cab imponente e compacta, de madeira, pintados ae escuro. Primeiro, eram os do Loide e da Pesca, p ara além da Doca. E da doca para cima : Auxiliar, Recebe– doria, Comércio, Belém, Ponte da Gi..arda Moria, cujo edifício ficava no galpão do Mosqueiro, tendo por traz, os Armazens da Alfândega. Daí, por.diante, a via não mais se chamava Boulevard da República, mas Rua , de Belém, até à rampa Pomroe, atua.! Av. 15 de Agôsto. Depois da Alfândega os trapiches continuavam : Red Cross, Sub-gerência, Gram– Pará, Booth, e da Companhia do Aml}.zonas, que morria na atual esca– dinha do cais. Aí, a água entrava ton.ando tôqa a praça do Congresso Eucarístico, até o paredão que ainda se vê, no qual se acostavam as ofi– cinas da companhia referida. Nesse trapiche da Companhia do Amazonas é que se faziam os embarques para Soure, Mosqueiro e Pinheiro, pelos vaporezinhos "Gai– vota", "Rio Tapajós" e "Tucunaré". Ao longo do porto, entre um e outro trapiche, existia uma nesga de 50 metros, onde atracavam em carga ou descarga, os gaiolas ou alvarengas . . . . Por êsse tempo deu-se um fato em Belém, que comoveu a cidade. Havia um médico, muito estim.;do, primo do Governador do Es– tado. Chamav a-se o dr . Numa Pinto. Tipo branco, reforcado, usando espessa barba negra. Andando um dia na sua clínica, demorara-se no Colégio .Santo Antônio. Ali, sentindo-se um tanto fatigado yelo calor, pediu ao prático de farmácia do estabelecimento, uma solucao de salis– pira. O funcionário enganou-se, pondo no refrêsco, estriquinina. O doutor, despediu-se das freir as e Lornuu o bondinho, que vindo do Re– duto o lev aria à Farmácia Central, na Rua 15 de Novembro, em frente ao Mercado, onde está hoje a Mercearia "Vidigal". Momentos depois de ter ali chegado, começou a sentir os efeitos do veneno, vindo a falecer no meio de horríveis convulsões. . . . Na vigência de seu govêrno, o dr. José Paes de Carvalho con– tratou a vinda de colonos espanhó1:, para a zona bragantina, os quais se foram hospedar, p rimeiramente no 0 ,1teiro . A verdade porém, é que os agenciadores, em vez de agricultores, trouxeram para o nosso Estado, gente doente e inépta, de que não resln nem sombra, apesar do enorme dinheiro _gasto com a tenta tiva. ' Joao Marques de Carvalho, 1 ·,rnalista de mérito, publicou por êsses idos, um romance r ealista, aue despertou vivo interesse. A obra intitulou-se "Hor tência", e referia-se a fatos sucedidos em Belém. Era um caso de incesto, passado no Marco da Légua. Um indivíduo dado a devassidão e à bebida, depois d e assü,tir a um espe táculo de cenas um t anto livres num dos teatros da cidadL. ao voltar ao lar, .desonesta uma su~ própria irmã. O livro que foi lrabalhado à moneil'a da -escola natu– rnl1st.'.I, constitui um forte estudo de patogenese social. . . . No comêco do século, fü:lé111, que talvez tivesse no· méximo, 120 mil habitantes, aquartelava 3 mil soldados. Eram três batalhões fe- -- _____.

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