Revista da Academia Paraense de Letras 1954

!20 REVISTA DA AC~ DE:l'IIA PARAENSE l'E LETRAS mesclas Humanas·: a mameluca, melhor instalada, e a mulata que· pre- dominava mais nos bairros pobres. ' No alvo~ecer do século, porém, em 1900, - um elemento novo começo)-1 a se mfi1tar e a ser. absorviào poderosamente pela população da Capital e da zqna Bra.e;antma: era o Nordestino . 1!:le vinha tangido pelo flagelo das secas. · . A~ _gentes q.o ~ertão insuflaram então, na raça paraense, uma contnbu1cao de primeira ordem : deram-lhe resistência atividade amor ao trabalho, e valor na concorrência o?la vida . ' ' Os paraenses começar am a se d1;-nacar no sul pelo seu saber, dis– po~ição p~ra a luta e ân sia de progresso, predicados êsses, de ordem psí– quica, oriundos das raças sofredoras . E hoje o sangue dos sertanejos, onde predominam as qualidades tupís, infiltrou-se largamente, radi– cando o Pará mais dentro da nacionalidade. P ela raça. mais que outrora, o Pará hoje é um pedaço genuíno do Brasil. Quase não há famílias em Belém aue n ão tenha nas suas veias, uma f,(ota de sangue dos habitantes cio Nor deste brasileiro. Belém se transfigurou, não só por essa transl'usãc de sangue, como pela adopcão dos costumes, adquirindo um cunho <!E. brasilidade mais acentuado. Não mais, menospresou o advena do~ se:rtoes, J?Orque Sº!flecou a ver nel~ um parente próximo, portador d~ mdole mais srmpat1ca e compreens1y~l. Dantes, os pa raen~es rico!i 1am _est_udar i:ia Europa. As fanuhas endinheiradas só conheciam P an s e L,~boa. Ho1e em tudo, e para tudo, é a Cidade Maravilhosa. Quem vê a oopulação d~ Belé!fl hoje, e a viu em 1900, acha que nela houve uma transformaçao racial- e moral de grande efeito. . , . . . A raça está mais mesclada. e vr;rdade, mas tambem, mais um- forme e homogênea. O tio.o caboclo se_ •1ai atenuando em matizes para o branco. O preto vai ~esapar~cendo. E raro se encontrar um negro re– tinto como ainda se ve na Baia. ' o português e o nordestino então ooerando, no extremo norte do Brasil êsse grande serviço de miscigenação : estão r efundindo forte– mente~a raça, e criando aqui um verdadeiro tipo brasileiro ... II - NO ALVORECER DO SÉCULO 20 No com êço dos presentes cem anos não havia rádio, televisão. :w iacão cinema, a utomóvel, energia êltômica, fonÔgrafo com válvula amplifiéadora. telégrafo sem fio ; mas o mundo era feliz. Principal– mente a Amazônia, que era chamada a TeITa da Promissão : No dia 1. 0 de fevereiro de 19úl. 8 horas da manhã, quern esti– vesse no início da Rua Nova d~ Santana, veria um cortejo singular, vindo do P alacete Azu~ Eram van_o_s homen s e~cazacados. ~odos de preto e cartola a lta, que subiam a refer10a r ua. Cammhavam dois a dois pois que o passeio era estreito. Eram o Governador dr. José Paes de' Car– valho e o Governador eleito, dr. Aui::usto Monteneirro ; o senador Antô– nio Lemos e o dr. Geminiano -de Lll'a Castro. e mais vários senadores e deputados. 11:ste painel ficou-me na r1..1.entiva, pois, éramos ainda de tenra idade. Mas passados anos. oer _g•~ntava-nos : que é que êles iam fazer ? Não será uma ilusão da memé ria ? O caso foi narrado a um cidadão idoso, que respondeu : - Não é ilusão. não. O fat o deu-se. - Mas o que êles iam fazer? - Iam dar posse ao novo Governador no edifício do Liceu Pa- raense, que ficava no Lar ~o dos Qua rtéis, pois que nesse edifício é que funcionava o Senado Estadual. A POSSE:: ~ ser no Senado. . . . Desde o mês de dezembro p. findo. estava funcionando no referido prédio do Liceu, uma exi:,os1cão. Imensa multidão acorria ao rertame onde todos os produtos da in<iústria oaraens<' daqueles tempos eram éxpostos, inclusive da rtrtc indí((cna. Uma foní e luminosa r ons– trulda pelo engenheiro Torquato Lamarão extasiava os visitantes. Fora, no lvrgo onde se acha um chafari.G. currin um carrousscl, onde um boneco preto dava a manivela dum n.alejo, que executava invariavel – mente, a Pa loma. Barracas com bnnguédos e guloseimas ostentavam-se

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