Revista da Academia Paraense de Letras 1954
J REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE Dll: LE'l'rtAS 111 Na Rua do Norte, (que aliás. se dirigia para o sul), estavam loca– lizados os jornais, oficinas, consulados, e pode ser considerada talvez, a artéria mais antiga da cidade. A iluminação nos fins do Império era feita a gaz, nas ruas, com .velhos lampeões imponentes, incru<etados nas paredes dos prédios, como. ainda existem hoje, por trás da igreia da Sé. Por 1900, fundou-se uma geradora elétrica, parece que na esquina da Travessa de Alenquer, com o título de Companhia de Luz Elétrica Paraense. Havia também, a Co.mpanhia Urbana de Viação Paraense, que tinha ge.radores, e ambas serviarr, luz apenas para as ruas e casas comerciais. Quando veio a Pará Eletric, em 1906, incorporou a si, as duas emprêsas. Na maioria das casas, el}tretanto. a iluminação era a querozene, em monumentais candieiros, com "abat-jour" de louca. Depois da Independência, a cidade foi ficando superlotada. e evi– tando as terras baixas do "Ladrão", e da Queimada, foi se apoderando duma velha estrada que levava ao Convento de São José, hoje transfor– mado em presídio. Esta estrada era via tôda elameada; mas simétrica, por isso que era plantada de palmeiras . Para ali. aos poucos se foi trans– ferindo a "nobreza". E depois de calçada, já na República, ficou uma artéria imponente. Em 1900, a Estrada São José alcançou o seu apogeu. Eram ali situados os Colégios "Perseverança". de Carlota Pistachine, e "Pará e Amazon,as", do professor A11t ônio Castro, e presentemente, recuperado pelo idealismo do oedagofo professor Luiz Paulino. Na praça Patroni, havia o Colégio' Travassos, misto, de grande eficiência de ensino, naquela geracão Pessoas de alto Pôsto na administração local tinham as suas r esidências na velha artéria. Os bondes grandes, puxa– dos a burros, conduziam os seus moradores ao Ver-o-Pêso, ou à Nazaré. Aos domingos, os bolieiros e cobradores daqueles veículos vestiam de branco, numa gentileza da emprêsa de bondes. para com o público. Segundo um mapa de Belém q1,;e tivemos em mão, referente à época colonial. a rua da Práia, hoJe 15 de Novembro, enfrentava com a baía do Guajará. A linha dá.gua vinha acompanhando a orla marítima da cidade, desde o Convento Santo Antônio, ao das Mercês, (atual Al– fândega), e fazia uma reintrânC'ia. ao chegar à trav. Frutuoso. Os quar– teirões edificados que existem entre Rua 15, e Boulevard Castilhos, não existiam ; era tudo práia. No lugar do atual mercado de carne havia um largo; era o largo do Pelourinho. Os terrenos onde se arham o Mercado de Ferro e a Re– cebedoria fõram muito tempo depois, conquistados à água. Muito tempo depois, queremos dizer do tempo colonial. O edifício da Snapp tamb~m foi construído na lama. Já em 1913. A cadeia por êsse tempo era colonial, ficava perto do pelourinho, pois se localizava no prédio onde está o esta- belecimento O CfRIO, na Rua da Cad!'ia. . _ Em 1900 na ·confluência da rua Paes de Carvalho com a travessa 15 de Agôsto, já com as edificações interditadas, porque o sel}ador Lernos projetara fazer ali uma nobre avenida, - havia duas cazmhas na Paes de Carvalho, dando costas para o porto, e loclizadas no terreno hoje em meio à avenida, - de 1anelinhas altas pintadas de azul. numa das quais, se via uma placa: ''Residiu nesta casa o cônego João Batista Q:oncalves Campos". Quer dizer. aue numa daquelas salinhas é !l_Ue se tmhãm elaborado os melhores planos para a grande rebehao da Cabanagem. A imaginação do viandante amc!nte ~a História, evocaria natural– mente, os conciliábulos que teriam havido na casa do reverendo, naquele então subúrbio de Belém, quase fora de portas. Era no te:npo de Feijó. A efervecência nacionalista t•ra grande contra o govêrno, que, por fôrça dl,l lei, n ão podia desampar ar o elen:el_}to est_ra:ngeiro, ,real– mente, dominador e de posse nas meU1ores pos1çoes sociais do pai~. O nativo achava que a Independência pouco ou nada lhe tinha valido, pois, que continuava sob a escravidau econômica dos -portugueses . í!:stes, por sua vez, sentiam-se espoliados com o ato da Independência nacional, e em vez de procurar suavi.:ar o trato aos filhos da terra,
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