Revista da Academia Paraense de Letras 1954

HI' REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE D F: !JETRAS BÉLÉM AO FINDAR DO SÉCULO de MURILO MENEZES I <L- O PARA EM. 1900 -:~~~- ... ~ ~ VI TOR HUGO, ao esêrever "Notre Dame de P arís" evocou na cidade ilustre todos os lugar es históricos e notáveis de plena idade média. . . . . _ A P arís, antiga e medieval, a parece p01s, na nossa 1magmaçao, como um passado ressurreto e vivo. Como P a ris e tôdas as cidades. Belém tem também a sua histó– ria resenha que está à espera de um espírito paciente e imaginativo, p ar a fazê-la. . Longe de nós est a pretensão. Eutretanto, pelo mwto que a vene– r amos queremos bosqueja r ligeira apr eciação sôbr e a sua evolução, a qual pode deixar de ca usar interêsse r, cur iosidad e dos novos que aqui moirejam. _ A nossa capital, semeada de depressoes de terrenos, ·em vez de se expandir por fgu a l, ' pela pen fen a. preferiu se estender para leste, e par a o norte, evitando os p ântanos, se esgueirando p elos terrenos mais sólidos e sêcos . Quem a visse há 80 anos, pasmaria de a ver nos dias que cor r em, e a prova disso, é a demon~tração que vamos fazer, com o interregno a pen as de 50 anos . O seu crescimento tem sido de uma morosidade de espantar . O colapso nos alt os preços da bor racha sustou-lhe em par te, a marcha acelerada par a o progresso . . Mesmo assim, n ão se pode deixar de registr ar a sua expansão, principalmente nos bairros pobres : porque, quanto aos ricos, só reco– m eçou a se urbanizar de dez anos a esta pa rte . Outrora a P redreira, que é um subúrbio saudável e construído em terreno sóÍido, era ma ta cerrad a, - cor tada pelo pequeno igarapé do Galo, estreito e lodoso, que hoje serve de esgôto para a Santa Casa, contendo a á1:ea a penas, um agruoa!Y'ento de cabanas que se chamava "O Acampamen to" hoje, em plena r ua Antônio Everdosa . No ano de 1926, em pleno Govêrno Dionísio Bentes foi ela franquead a ao público, sendo ali con!:truídas centenas de moradias . A principal rua de comércio da c·a pital paraense, a i pelos me iados do Império, era a Rua dos Cavaleirüs, artéria central do nosso mais antigo bairro. Tinha a leste, para le l.is . as ruas de "Alfama" e do "Al– jube". E a oeste, as ruas do "Espírito Santo" e do "Norte" . Cortavam-na em â ngulos retos, as travessas da "Rosa". e da "Atalaia", da "Agua das Flores", da "Barroca", e dos "Ferr eiros" . Estas ,vias, co_m .º~ la rgo çl.a Sé, do Carmo, e de São J oão cons– t ituíam o nucleo pn m1t1vo da cidade fundada por Castelo Branco. Nas suas velhas casas de sobrados. tipo conolia l, em 1900 ainda se viam lojas de ar!'Ilarinhos, armazen s de borracha ou sejam, casas aviadoras, com carrmhos d e mão e n_l01}_tes de ~ er cador ias empilhados nas portas . As grandes casas de Com1~soes localizavam-se nas proximi– dades do P orto do Sal, onde, comprida ponte alongada pa ra a águas e cober ta d e telha em todo o seu comprimento, fazia as vezes de mercado público. As carroças, com os seus sacoleios característ icos, circulavam p elas !uas d<! Cidade Velh<!.' tôdas cal~adas com _pedra vermelha, _ 0 m a tacao, cheias · de d~p_ressoes, e nchendo-as de vida e faina comercial. Na Rua do Espmto Santo, de mist ura com as casas mais vistosas dos comercian tes, dos políticos e funr 10nários do govêrno, se encon– t ravam a lgumas repar tições, como por exemplo, o Paço Municipa l, situado n a esquina da Ti-avessa do Carmo ,

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