Revista da Academia Paraense de Letras 1954

112 ~ÉVISTA DA ACADEMIA PARAENS'i: DE LETRAS Não pronunciou uma só palavra, nem um gésto. Mais tarde, a moça voltava-se a sí. Sorria. Quando lhe trouxeram o pequeno Jorge, beijou-o, alegre e feliz. O marido, co1;1trolado, a família silênciosa. Nem uma palavra, um gésto, uma alusão. Cinco dias depois ela estava em casa, restabelecen– do-se. Não havia um só gesto que denunciasse a sua tragedia. O doutor Edgard pedia telefonicamente notícias da mãe e da criança. E o marido re,spondia : , -Tudo muito bem. Seguimos as suas prescrições, o estado de am– bos não podia ser melhor. Um .mez após, Maria estava forte, bonita, esplendente. A criança, linda. E foi que, 'na alcôva, o marido falou sério e grave á espôsa: - Escute, Maria, há um mês que me c,ontenho, e que sou um torturado. Sofro, calado, esperando que você se recuperasse. Está per– feitamente bem e a criança ótima. Acontece apenas que o Jorge não é meu filho, e que você tem um amante, precisamente o amigo mais que– rido, o dr. Edgar... - . . . Mas é mentira, é mentira! - .. . Não é. Você, sob a ação do anestesico, contou tudo, e a lividez de Edgar foi uma comprovação. Sentindo-se cuJpado, ou talvez com remorsos não voltou aqui em casa. Vocês tem porém telefonado diariamente. Tive que indagar, procurár saber a verdade toda; e duas ou três tardes por semana, você ía a casa dele. Sei agora de tudq, com detalhes cruéis. / Maria abaixou a cabeça, silênciosa, lágrimas a correram dos seus grandes ólhos. · - Você vae agora para a casa de sua mãe, com o Jorge. Tenho pronto a petição de desquite amistoso, que ambos assinaremos. Tudo pronto e será feito sem escandalos. "Incompatibilidade de genios", dis o Código. Nada lhe dou, pois que naturalmente você vai viver com o dr. Edgar, que ,é rico. Amanhã lhe devolverei tudo que é seu. Ele estava firme, duro, atencioso, mas inflexivel. A moça ergueu-se, transtornada, vestiu-se, assinou sem uma pala– vra a petição, pegou a criança e com a ama desceu tomou o automo- vel, e João disse ao "chauffeur" : ' - Leve a senhora para a casa da mãe dela. Três dias depois o dr. Edgar Miranda Botelho Bornfim embar– cava para a Europa, sozinho, numa longa viagem. l>OSSE DE JOAO ALFREDO DE: MENDONÇA No dia 13 de dezembro de 1953, a Academia Paràensc de Letras reall2ou 1JDl!l sessão extraordinària de caráter solene para empossar na cadeira 23, - João Marques de Carvalho - o Jornalista João Alfredo de Mendohça, ,1ue aparece no cliché pronunciando o seu brilhante discurso de posse, aparecendo ninda a mesa que presidiu o ato, composta dos acadêmicos A,•ertano Rocha, preslclente, e Geor 11 enor Franco e Jurandir Bezerra, secret.árlos. João Alfredo de Mendoni:a foi saudado em nome do Silogeu pelo acadêmico Ernest.Q Cruz,

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