Revista da Academia Paraense de Letras 1954
REVISTÁ DA ACADEMIA PARAENSE DE :,E'T.RAS iôi mundo exterior e procurar nos livros outras imag"inações, que levadas ao inconsciente, quase sempre, agem como falsas "auto-imaginações", sendo na maioria dos casos a causa dos plagias, de que tanto está cheia à literatura. No processo inconsciente involuntário, passa-se justamen– te o contrário, o inconsciente está transbordando de idéias e fantasias imaginativas, à vida infantil esta recalcada, o mundo inconsciente é maior do que o mundo consciente, e as idéias simbólicas jorram do in– consciente, sem serem percebidas pela válvula censora; e para creatura o mundo é poesia, à vida é um poema, e, até na Dôr e na Morte, há poesia dramática. Éstes são os verdadeiros poétas, porque não tem di– ficuldades para poetisar, encontrando até nos sofrimentos motivos para fasere~ seus poen:ias e suas poesias. É ~abido que tôda cr_iação .a~tistica pressupoe um sofrimento, e, tanto isto e verdade, que Heme, dizia : - '·Das minhas grandes dôres, nascem meus versos humildes". Aceitan– do-se a existência dos processos inconscientes, sobejamente demons– trados pela Psicoanalise, e quer chamemo-lhes de "inspiração", "intui– ção", "graça de Deus", "alma do povo" admitimos na criação artística duas rases : - l.ª que as tendencias inconscientes do artista são a energia · inicial·, independente de qualquer ato voluntário ; 2.ª que o trabalho consciente geralmente arduo, penoso, de dar forma às tendências in– conscientes, depende da vontade, h abilidade, controle e traino d.o ar– tista. Desde que o artist a não tem noção da primeira fase não pode por– tanto explicá-la e, para explicá-la há necessidade de incentivar as idéias e fantasias no inconsciente, e, para incentivar-las necessita também, da "libido sexual" do "instinto e do desejo da carne", da "natureza", da dôr e do sofrimento humano e a fé nas coisas Divinas ; meus senhôres o "Sexo" o "Belo" a "Natureza" a Dôr" e a "Divindade" são os cinco imans psíquicos que servem para incentivar as inspirações artísticas que se encontram latente no inconsciente, e que voluntária ou involun– tariamente são lançadas ao mundo real, sob a beleza de uma poesia, prosa, escultura e pintura . Quanto a mim, senhôres acadêmicos, como não fui previlegiado de imaginações poéticas, como cirurgião vinguei– me da natureza, fasendo poesia dos sofrimentos de meus semelhantes, rimando a Dôr do próx imo com a lamina de meu bisturi, e incisando os retalhos de carne humana degenerados pelas doenças . Desenvolvendo nossas investigações psico-analíticas sôbre as fan– tasias, explicadas por Jung no seu "complexo creador autonomo", ocorre-nos a idéia de conhecer como se origina e de que se compoem êste complexo. Embora seu estudo seja muito complicado e quasi trans– cendental, porque se passa, n 'uma região até agora desconhecida da nossa psiquê, tentamos fazer um panorama retrospectivos dêste com– plexo, e, chegamos a conclusão que êle se origina e é constituído : - 1. 0 dos Recalques de ficções originadas nos brinquedos d a vida in– fantil ; 2. 0 dos sofrimentos recalcados . 3. 0 - das Regressões psico-sex uais. 4. 0 - do Nacisismo. 5. 0 - dos complexos de Édipo e de Élect'ra. Os mecanismos inconsciente dêstes comple tos que formam o "complexo creador aut onomo", de Jung der am motivos a que Freud introdusi-se na "Psicologia humana", e ofer ecesse possibilidades total– mente inesperadas e, até então, inexploradas . Poétas e escritores, por todo o mundo civilizado, apossar am-se av idamente da oporturudade, para incorporar, em seus escritos, motivos que sempre tinham inconsci– entemente sentido, ·mas, que nunca esprimiram conscientemente. Eis, senhôr es acadêmicos, de que está che ia a nossa Literatura, e o que seu conteudo r epresenta sob o ponto de vista psicanalitico: - "O comple– xo de Édipo" (o menino que inconscientemente deseja sua mãe ~ ~U-
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