Revista da Academia Paraense de Letras 1954

n.EVIST A DA ACADEV.IA PARAENSF. DE :.ET1tAS 97 RELAÇõES DA PSICOANÃLISE COM Á LITERATURA de ELDONOR LIMA No dia 4 de Dezembro de 1949, a Academia Paraense de Letras realizou uma sessão extraor– dinária para ouvir a palavra do dr. Eldo!1or MaJ;a– lhães Lima estomatologista paraense, ps1coanalista e psicolog~ta conteraneo,. a!u!11 vice-pre~i~ente do Instituto Paraense da Historia da Med1cma, que pronunciou imp.ortaute _palestra ,~ôbr~ a_s "relações da psicoanalise com a literatura , cuJa mtegra pu– blicamos abaixo : Exmo. Sr. Dr. Presidente da ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS. Exmos. Srs. Acadêmicos. Minhas senhôras. Meus senhõres. São as minhas primeirás palavras de agradecimento pela honra que me destes, de fazer neste Silogeu onde se cultiva a literatura, uma conferência sôbre - "Relações da Psicoanalise com ·a ~ iteratura" :-– a fim de vôs mostr a r que a ciência que imortalizou o sábio mestTe _vie– nense Siegmund Freud depois de levar seus conJ1ecimento,s aos diver– sos r amos das ciências '- "Bio-psicologicas)) - e sociais", como a - "An tropologica, Etnologia, ·sociologia, Criminologia, Sexologia, Peda– gogia, Psiquiatria, Medicina e Odontologia psico-somaticas, Teologia, Mitologia e Arte, n ão seria possivél senhõres acadêmicos, que a Psicoa– nali~e, não ·leNasse suas pesquisas até aos conhecimentos da Litera– tura. E como na Literatura, deparamos com a "Poesia" e a "Prosa", vamos procur ar as "Relações dp, ciência de Freud" com a obra poética. :Este tema é para m im, como estudioso da "Ciência do Inconsciente", a-pesar-de sua dificuldade, um tema muito interessante, por que me oferece oportunidade de expôr pontos de vista, em tão discu.tida ques– tão dos conhecimentos entre a Psicoanalise e Arte . Sem dúvida al– guma, ambos domínios, a-pesar-de sua incomensurabilidade, guardam estreitas relações, que impõem sua consid,eração capital. ,. Para Freud, êsses personagens emigmáticos os poétas despertam em nossas par sonaiidades leigas, uma dupla curiosidade. Aonde vão buscar os assuntos que dão origem as suas creações ? Como é que co•n ' êsses ~ssu.ntos nos comovem ao ponto de nos despertarem emoções, que nem s1quer conhecíamos em nós mesmos? Nosso interesse não pode crescer quando, i:1terrogando ao próprio poéta, aonde êle foi buscar os motivos e as razoes que deram origem as suas poesias e o por que se fez poéta; e êle próprio responde desconh ecer as suas verdadeiras ra- zõ~s. Co_m efeito, nossa esperança' parece não ser vãn, já que os pró- prios poetas, desconhecem a distância que fica entre sua peculiaridade e a essência comum do ser humano ; quando frequentemente nos as- , seguram que em todo homem esconde-se um poéta, e, que, o último d'estes, não morreria senão quando perescesce o último dos morta is. Por acaso encontraremos n as crianças os primeiros signaes da sua atividade poética ? ou os poétas nascem feitos ? A Psicoanalise analisando a vida infantil dos poétas, chegou a conclusão que sua ta– refa predileta e afanosa é a "brincadeira" e, talvez possámo~ afirmar

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