Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

84 · RlE~T4 ~4 ACADEMIA P AR-AENSE DE LETRAS . conceito. hespanl:!ol, ou a superstição republican a do Prata, contra o Império vis1nho. Estava porém, consciente, que a causa do Brasil era a causa da civi• llzação . "O espirita de justiça e o cavalherismo do Presidente da Argentina re– peliam a idéia de uma aliança r epublicana da América, contra o n osso pais, pois, se na ocasião não tlvessemos o antemural argentina, e tivessemos Mitre cooperando com os presidentes da América Latina, o isolamento do Império teria sido fatal", diz Joaquim Nabuco . "Mas --'- afirma ainda o grande escritor patriclo, - é provável que a inplração do General· Mitre n ão date de 1864, ano em que a guerra começou, porém,. de 1851, quando emigrado politlco no Chile , viu o Brasil colocar-se ao .serviço da causa liberal argentina. E se n ão data de Caseros, a sua lealdade para. com o Império, procede ela t alvez, do período em que a sua p átria esteve dividida ,em dois gavernos rivais e inlmlgos. "O Brasil -não tratou de aprofundar esta divisão : pelo contrário, - o que fez, foi resistir ãs más instigações, para tomar partido contra Buenos Ai– resº ... Por a i se vê, que rol pela gratidão, que Bartolomé Mitre, General e Pre– sidente· da Confederação Argentina, foi em circunstâncias difíceis, um firme e •leal amigo pe l\ossa p átria . · · Darêmos aqui alguns traços dêsse grande homem dos Pampas. "Era em . 1865 . O Exército Brasileiro achava-se em Urugualana, Inti– mando a rendição da praça brasileira, ora ocupada p elos paraguáios . O Imperador com os membros da Côrte aguardava a visita dos Presi– dentes . das Repúblicas aliadas, Generais Dom Bar tolomé Mitre e Dom Vcnan– clo Flores. Esperava eu, diz o Conde d'Eu, - que os dois ch efes aliados chegassem a galope, numa nuvem de poeira.. · Mas foi ao dobrar a esquina de um muro que r esguardava um pomar d e larangelras, que ambos apareceram' a três p assos do Imperador, seguidos de numeroso Estado Maior. Dom Pedro, a principio um tanto surpreendido, estendeu a mão a Mitre, e depois, á Flores, e fez sinal para se colocar cada qual, a seu lado. Fiquei assim, à direita de Mitre. Estive algum tempo a observá-lo, con– tinúa o Conde : Depois, n ão achando próprio conservar-me silencioso, num ins– tante em que o Imperador tinha se voltado para Flores, procurei uma fraze, e disse: --Que tal íué el viaje ? Com a voz um pouco lenta e muito suave, Mitre respondeu : -Fué feliz. Depois, acrescentou inclinando-se : -Con qulen tengo cl honor de hablar ? Inclinei-me tambem, e repliquei : -Soy el lenro dei Emperador... Mitre tirou o boné, e Inclinou-se mais profundamente ; o mesmo fiz eu. ~l!s,._co!llo , o Imperador lhe dirigis~ a palavr a, tive de esperar outra ocasião para travar melhor conhecimento. O G_eneral Bartolomé Mitre era por êsse tempo, um homem de 45 anos, de apar ência extraordlnàriamente slmpát.lca. Alto, esbelto, 0 rosto era belo, páli~o, magr~ 1e alongado. Rodeava-o barba preta e cabelo flutuante, igual– mente preto. • Àpesii"r de estar sempre com as per nas afastadas, p elo h ábito de montar, o seu porte era elegante. A atitu4e, as feições, e sobretudo, o olhar, tudo nele r evelava suavidade, re{lttãQ_ ~ . melal)901j;1, Qµa__ndo, falav.i .eleva~11 1,1m pouço a vo:.i, e f!lzia uma .

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