Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

j liEVJSTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Um inimigo só. que tinha o Brasil, - o govêrno do ditador Solano Lopez - era o bastante para fazer refletir sôbre o nosso pais, veleidades de agressões, más vontades diplomáticas, a ntipa tia injustificadas, e tôda a sorte de dificuldades, a quem está sempre exposto à cubiça, ao despeito, ou à inveja cios outros. São defeitos e fraquezas inherentes à psicologia humana. Um homem só, domina um r egimento, se, no primeiro a taque movido contra si, êle esmaga numa assertada, o elemento mais atrevido. O resto fica todo subjugado pelo prestigio do vencedor. Mas se perde, e tem contra êle, invejas e inimizades, - os outros, unicamente por perversidade, criam audácia, e um por um, vão pro– curando atacá-lo, ao principio timidamente, e depois, mais atrevidamente, como os lobos. Solano Lopez, ditador do P araguai, tendo mobilizado, instruído e equi– pados 100 mil homens, se propunha e erigir o seu país, qual uma outra Prússia, an exando-lhe vários territórios visinhos. "A ambição guerreira , - diz o escritor argentino, Sr. Garcia Merou, - dá o toque final, a pincelada suprema, a êste caráter endeusado pelo servi– lismo e sujeito a cóleras v iolentas". P arece, entretanto, que um pais havia de se opor às suas Intenções - que eram, de altera r o "s atuoquo" sul americano, p or causa do qual jll tinha havido tantas guerras, inclusive a do ditador de Buenos Ayres, Dom Juan Ma– noel Rosas. Esta nação era o impé rio do Brasil, assim pensava El Supremo, e com êle, a maioria das nações da América do Sul' Uma das r azões puerilmente alegadas, era a diferença de lingua, e ou– tra, eram as instituições moná rquicas, que o nosso pais conservava desde a sua independência. "Em si mesma, a Guerra do P a raguai, - ponderou Joaquim Nabuco, - deve ser considerada como um verdadeiro para-ráios de toda a eletricidade que se estava acumulando em t orno do Rio da Prata, contra o Império", A Campanha Lopesca, foi assim, com um abcesso de fixação na Amé- rica . Mas a verdade é que a principio ninguem via o peno ameaçador "Esta– do Napoleônico", que se estava formando. Foi quando, em 1864, francamente se patenteiaram os designios do dés- pota. Vêr destruído o poder de Lopez, - diz ainda Joaquim Nabuco, - po– dia não ser o desejo de todas as nações livres do Prata ; vez porém, conhe– cido o papel que o Ditador talha ra. para si, com a militarização da raça para– guáia, todos os paises em redor dêle, tiveram pre!;sa em lhe tirar das mãos o t remendo explosivo". Diz Gustavo Barroso na sua História Secreta do Brasil, que Solano Lo– pez, na luta com o Jmpêrlo, contava com a promessa de intervenção coletiva de duas grandes potências marítimas . Nisto se estribava a arrogância e a con– fiança do tirano . D'ai, o interesse e o Uruguai,· como um da diplomacia brasileira pela alia n ça com a Argentina escudo moral, à má vontade internacional contra o Bra• sll. O próprio Chile liderou várias nações do P acífico n o Intuito de por têrmo à guerra, por acôrdo. . . Mas O Imperador recusou , pois sabia que era preciso destruir Lopez. Sua continuação no Paraguai seria uma eterna ameaça ao Brasil, sob o beneplácito das forças internacionais. O General Bartholomê Mitre, no dizer de Leopoldo de Freitas, - teve a• intuição clara dessa política e lhe ficou fiel, a despeito de tudo, sacrificando às vezes, por ela, a popularidade qu e lhe adviria ôe encarecer o anUgo pre•

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