Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

REVISTA DA ACADEMIA PARABNSE DE LETRAS 81 idas da Cór te, levavam as interpelações azedas da imprensa e do parlamento, fei tas ao Govêrno. Caxias, tipo p u donoroso, refletido, e tendo no m ais alto grã u; o senso da dignidade p essoal, sem te r intimidade com os seus camaradas, era co_ntudo, extremamente q uerido, pelo seu carã ter j usto e honesto. O seu m aior cuidado e ra n ão deixar tra nsparecer a sua a nsiedade. Os debates e sugestões nasciam, e a cabavam morrendo, pela sua ine;.e. q ulbilidade. P alestra vai,· palestra vem , n ota va-se entretanto que o General Argolo, (gua rdem bem êste nom e !), se r e traia, como se t ivesse obsedado por uma Idéia fixa . Aquela atitude de r eser va, a liás, já desper tar·a a atenção do Ge– ner al em Chefe. Assim foi qu e, quando Ar golo, - Alexandre Gomes de Argolo Ferrão, - um homem de pequena estatura, depois, Barão de Itaparica, que faleceu depois da guerra em consequência de ferimentos recebidos em Itoror6, - · pediu -para dar uma su gestão reser vada, pois temia n ão fôsse aceita, - Caxias presurosamente, prontificou-se a ouvir a palavra do futuro he ro!. , Essa palavra seria a solução mágica da vitória, e iria aproximar de muito o desfêcho da guer ra 1 Ar golo então, modestamente, expôs o seu p lan o. Era uma t em eridade, concordava, - mas julga va o único caminho a seguir. E detalhou : o Exército se achava encalhado diante dos tremedais de Pisikiri. E se êle atravessasse o Rio P ar aguaio, para a margem direita, e fizesse o avanço ao longo do Chaco ? E vita ndo as for t ificações da mar gem esquerda , que haviam impedido a passa– gem das fôrças p ar a o nor te, êle em dado ponto a travessaria de novo o rfo, e volveria então p ar a o sul, atacan do o inimigo pela r etaguarda. . . Falou. Caxias com aquela gran de fleugma que inspirava uma confiança cega em seu s comandados, com os olhos azuis, fixos, on de se lia uma serenidade consciente, fitou Ar golo, depois de medita r , e este ndendo-lhe a m ão, respondeu: - Gener al, a sua idéia parece bôa. Vou nom eá-lo p ara que o senhor ponha em execução a exploração do Chaco, a fim de se saber se serã exequivel o projeto. O Mar qu ês agradecia aquela sugestão oportun íssima e única, para uma t entativa que s e imp unha a todo o t ranse. · '- E quinze dias depois, 19 m il brasileiros, com imenso mat erial de cam- ~anha, atravessaram o r io P aragua i. Os nove mil argentinos, descrendo t alvez do plano de Argolo, pediram desculpas de n ão acompanhar Caxias, que os deixou ocupando as linhas de P ikisiri. ·oo lado do Ch aco, Ar golo construiu estivas com toros de á rvores n uma exten ção de duas léguas, pelas quais passaram as tropas e a a rtilharia. O ditador p araguaio quando soube do intento dos brasileiros, descreu dos resultados. Riu-se. Na realidade, a margem direit a do Paraguaia era t erra alagadiça e semeada de l agôas, sem consistê ncia e inundada p elas cheias do inver no. Daquele lado, os guar anis nada r eceiav!m. O m un do esp ectante p asmou diante do arrojo. Mas a passagem p ela nova estrada tinha que ser rápida, a ntes que come• çasse a est ação ch uvosa, q ue estava às portas . As trop as do Império seguindo pelo Chaco, foram surgir em Santo An– tônio, que al cançaram, atravessando de novo o r io para a margem esquerda. Ent ão, foi um sem descontinua r de combat e : Estabelecimento, Itororó, Avai, Angustura, Vlleta at é ao r eduto'· de Lomas Valentln as, onde se achava Lopez com o seu Estado m aior. A batalha d urou dois dias, e qu a ndo os Aliados deram a última carga invadindo os para– peitos do r eduto, er guido numa elevação, e ncontraram tudo vaslo, pois "El SU•· pr emo" com tôda <1 s ua gente h11via f uçido para o l'forte.

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