Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

78 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS iniciadas com animação, morriam insens ivelme nte, como travadas p ela preo- cupação que a todos obsediava ? • • As duas horas da tarde do dia 12, o na vio preparou-se para segmr de rota, estabelece ndo-se entre todos, uma alegria comunicativa. Já retardado, um oficial paraguáio entrou a bordo, e entregou ao Co– mandante Silva Solto, um envelope lacrado, p ara ser entregue no Forte Olim– pio, mais a montante do rio. A seguir o vapor movimentou as múquinas. Era inacreditá vel ! A calma rest abeleceu-se entre os viajantes . Conquanto n ada houvesse de positivo, o instinto avisava que era a salvação . , . , E o "M,uquês de Olinda" deu todo o vapor, seguindo o P a raguai acima O panorama das duas margens era cada vez mais selvático' Não tinha, porém, uma hora de viagem, quando viram longe um pena– cho de fumo, ·e ouviram um tiro de peça' Era a c~nhoneira _"Taquari" que fazia sinal para o navio parar. Boiando sôbre rodas, o nav io brasileiro aguardou a nova trazida pelo vaso de guerra paraguáio. A nova, era a ordem de volta p ara Assunção. O Govêrno de Lopez, sem declaração de guerra, fazia prisioneiro, o va– por me rcante brasileiro "Marquês de Olinda". De nada vale ram protestoo, reclamações, in1ervenções diplomáticas dos representantes das outras nações. Eram ordens do "EI Supremo". A presa foi incorporada à esquadra p araguáia , e os seus tripulantes e passageiros internados num campo de concentração em Passo-Pocú, onde três anos depols,-quando o conflito ainda se achava indeciso,-morre ram todos, vitimas de fome e maus tratos dos carrascos militares. A indignação foi geral, e um clamor imenso repercutiu de norte a sul do Brasil. Era um ultraje feito à nacionalidade, e um desrespeito ao Direito das gentes . O DESENCANDEIAR DA TORMENTA A GUERRA começara de 1864. Pois, ao iniciar-se o a no de 1868 as especta tivas eram sombrias . O desânimo corria de um extremo a outro do pais, parecendo se tratar de uma luta qu e não termina va mais . Na Côrte e nas provincias considerava-se a guerra do P araguai, com o uma dessas calamidades que ab sorvem todos os r ecursos de uma n!\ção, e to– cava de perto a sensibilidade popular_ Adiavam-se negócios, casamentos e realizações materiais. Faziam-se con · jeturas, as mais utópicas, p ara quando a pa z chegasse alviçareira. E dep ois, o gasto excessivo do govêrno com a campanh :i insolúvel, desa– n imava os m ais a udazes. - "Sapa to dificil de desca~ar", diziam alguns políticos pessimistas. Dom P edro II, porém, nunca perdeu a f é. Apezar das suas angústias, mantinha-se sere no . Cada Ga binete que subia no poder , e ra uma p r omessa que afinal des– morona va-se. o Imperad or que era um homem louro, encaneceu completamente. o s pais, as m ães, viam o conflito longínquo, como um papão insaciável, qu e lhes devora va os filhos, remet idos como recrutas ou voluntários. Em todos os la res e ram preces fe rvorosas pedindo a De us que a guerra terminasse . o s palses vizinhos diziam : "Em que alha,da o Império do Brasil foi se meter!. ,, "

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