Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

, . REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 'T7 O "Marquês de Olinda", movido a roda , demanda ndo oito milhas horárias, seguia viagem, have ndo a bordo a maior camaradagem entre os viajantes. Tendo partido do Rio, havia j,í dez dias, fôra tocando em todos os portos bras!leiros, depois, em Montevide u, em Buenos Aires, em Rosário de Santa Fé. Ali, j á se comentava abcrl:tmente Eôbre os preparativ.os militares da Re– pú blica dei P:iraguaya , de que ninguém conhecia os objetivos. Carneiro de Campos, a qualquer alusão de animosidade daquêle govêrno contra · o Império, sorria confiado, pois tinha o Paraguai como um sincero amigo do Brasil. O vapor marchava, subindo o Paraná majestoso e largo, vendo-se · dum e doutro lado, peque n;,s povoações e "haciendas", que se perdiam na dist ância. Os p ass;,geiros iam embevecidos pela novidade dos panoramas. Por fim, chegaram a Corrientes, última cidade argentina, que se demanda para o Norte. Alguns passageiros desembarcaram por um traplche de madeira, rés à ribanceira . o novo presidente de Mato Grosso não quis saltar. Entretanto la ouvindo dos que regressavam de terra, os COIJ\entários malévolos e irônicos dos habi– tantes corrlentlnos, referindo-se ã viagem. Era extranho. Os garotos do porto diziam em tom de aviso : -"Non sigam !" "Cuidado com los paraguayos"... E faziam visagens com os braços, num gelto de querer quebrar alguma cousa. Como quem diz : "não vão, que êles vos amarrotam!". Mas se havia desinteligência entre os dois palses, não era caso para agressão armada . .. Entreta nto, aquela insistência não deixava de impressionar o subconsciente do Presidente Carneiro. Tanto, que foi já pensativo que contemplou a m argem paraguaia, ao transpor as "Três bocas". o rio ai e ra outro. O Paraná fazia urna curva para leste, recebendo nela, vindo do norte, o Paraguai, mais estreito, mais fundo, de margens mais arborizadas, semelhando-se aos rios amazônicos. com uma hora de viagem mais, os intinerantes divisaram disfarçados no meio da folhagem, na ma r gem esquerda, um depois do outro, os formidáveis redutos de curuzú e Curupaiti, que se iriam celebrizar no decorrer da guerra . Is to, ao amanhecer do dia 10 de novembro ; e depois do meio dia che– r.aram a Humaitá, causando extranheza aos passageiros, as grandes proporções d a fortale2''.I construída sob os planos do oficial prussiano Mastermann. o rio dava uma volta apertada en tre riba nceiras, uma verdadeira garganta tôda pejada de canhões. Artificies :la guerra, casam at as. torres blindadas apareciam ã vista nas duas margens. Aquilo j á era alarmante. As a utoridades militares t ôdas car ra ncudas e pouco amistosas, trataram os brasileiros com manifesta frieza e má vontade. Oficiais paraguaios do alto da "Ba teria de Londres", olhavam com desdém, o "Marquês de Olinda", pequinlno e mumilde, como e ntrado a m êdo numa caverna de gigantes. Por fim, safou. E lá foi seguindo rumo de Assunção, onde chegou a 11. Na capital , a m esma a tmosfera glacial, por parte das a utoridades fiscais. Dada a pouca s impatia manifestada pela p opulação ninguem de bordo qulz saltar. O vapor pernoitou no porto, e só partiria n~ dia seguinte, rumo de Mato Grosso . Enxergava-se do navio, que a guarnição de Assumção era numerosa. P or t oda a parte soldados e m ais soldados. f 0 ! uma noit~ de a preensõ~s, De.pois do ~antar de bordo, as conversas. ...

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0