Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

REVISTA DA ACADEM!A PARAENSE Olil LETiiAS O serviço militar no Brasil se âchava cm declínio ; e êsse desprestigio tinha uma das suas taus:15 no insu cesso d:1 c:1mp:1nh:1 cisplatina. Havia ainda uma c~mpleta imprevisão na atitude de Lopez contra nós. Nós julgavamo-lo amigo, e êle nutria contra nós injustificndos rancores. O Brasil n ão es tava pois nparelhado militarmente, padecia de um pro- gressivo enfraquecimento bélico, e n ão tinha ambições territoriais. Por tudo isso, foi extremamente dolorosa, a surpreza que se vai narrar, a qu,.l teve todos us laivo5 de um perfidia. O Govêrno Imperial tinha sido sempre amigo do Dr. Francis e de Carlos Antônio Lopez, ambos ditadores do país limítrofe. E era de prever, que o filho de Carlos, Francisco Solano Lopez, prosse– guiss.? na politica trodicional da sua pátria, que tantas vantagens téC'nicas já lhe haviam proporcionado. Mas Lopez II era um tipo singular. Individuo muito orgulhoso, criado na opulência e educado cm Paris, no comêço do segundo Império, deixou-se influ– enciar pelo fausto da Côrte Napoleônica, e pelas glórias militares de que o Exército Francez era a tradição. Há quem diga que, tencionando funda r uma dinastia de Direito, na Amé– rica do Sul, solicitara a miio da Princeza Isabel, ent::io ainda solteira. E diante da recusa, ficnra-fae a idéi:1 da represáli:1 ao Império. Corre também que o diplomata urugaio, do partido "bianca", Sagas– tume, para colocar mal· o Brasil, que era amigo do partido "colorado", con– vencera Solano Lopez, que a Argentina e o Brasil tencionavam dividir entre si, o território do Paraguai. Como se vê, uma verdadeira balela, própria para enganar espíritos ignora ntes. Antes de ir para a Europa, Lopez II esteve no Rio de Janeiro, cursando a Escola Militar. E ao voltar da França, influenciado pelo sucesso do Golpe de Estado, e tendo em p ensamento, a massa maleável que era o povo paraguaio, pensou de com êsse elemento, criar uma grande potência bélica. Havendo uma revolução em Montevideu, entre partidos "bianca" e "colo– rado", propriedades e cidadãos brasileiros, começaram de sofrer prejulzos materiais, e a consequência ruinosa da falta de garantia, negadas especialmente pelos "biancas". O Império não sendo atendido nas suas reclamações tratou naturalmente, de intervir na revolução, protegendo os seus nacionais. Foi o motivo para que Solano Lopez propuzesse uma mediação não Inte– ressante ao Brasil, e que foi recusada. As cousas estavam neste pé, quando aconteceu partir do Rio de Janeiro pa ra Cuiabá, o vapor mercante brasileiro "Marquês de Olinda", pequeno vaso de 200 toneladas, de uma chaminé e dois mastros. o navio levav~ a seu bordo, o coronel Carneiro de campos, que la assu– mir o p osto de Presidente da Província de Mato Grosso. O coronel Frederico Carneiro de Campos era oficial de engenharia ,ex-deputado à Assembléia Geral, e exatamente o administrador que o rincão mato-i:rossense estava a exigir naquela época. Idealista, temperamento construtivo, er.1 sobretudo um patriota. No dia 30 de outubro de 1864 o pequeno vapor largou de Buenos Aires, no prosseguimento da sua jornada, - recebendo a continência da Divisão Naval Brasileira, que estava no porto, na ocasião, Além de Ca rn_eiro de . Cam~os, '.~m a bordo, o 1.0 t enente Agnelo de Faria Pinto Mangabeira ; o c1rurgiao-militar, Dr. Antônio Antunes da Luz. os pilotos, tenentes João Cliiio de Arouca, e Antônio Alves Braga; 0 oficiaÍ de fazenda João Coelho de Almeida ; alguns passageiros civis com suas familias ; e O comandante do navio, J. 0 tenente reformado José Antônio da Silva Souto,

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