Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

REVISTA, DA ACADEMIA PAAAENSÉ DE LETRAS CÉU TEMPESTUOSO SôBRE A AMÉRICA DO SUL MURll..0 MENEZES I PRENúNCIOS DE GUERRA TRANQUll..IZEM-SE, porque isso foi há 88 anos. Na vida humana, como na vida das nações, dá-me muitas vezes o fato da criatura contra o criador. Há individues fortes, que entendem de proteger um mais fraco, e êsse amparo assuma ns vezes, a feição de um amor paternal. O caso acontece mesmo, entre amigos. Mas o protegido um dia se rebela, e com surpresa estúpefaciente do protetor, transforma-se duma hora para outra, no seu mais visceral inimigo. Na maioria dos casos, é a inveja, o ciume, a cobiça, que obliteram tota l– mente, a sanidade moral dêsse homem. o escritor Monteiro Lobato conta isso mesmo na sua trágica novela, "0 mata páu". Nas lides internacionais, fato idêntico deu-se, entre o Brasil e o Paraguai. Estadistas brasileiros procuravam em Assunção, inspirar as normas mais perfeitas para a justiça , e para a economia paraguaia. O!iciais brasileiros ensinavam os paraguaios a organizarem modernos processos de recrutamento, o adestramento dos soldados, e a edificação de fortalezas. • E os paraguaios, povo acostumado pelos Jesuitas, a uma obediência passiva, se deixavam guiar pelos seus ditadores, inconscientemente, se consti– tuindo aos poucos, numa nação em a rmas. O acontecimento ecoava pelos âmbitos do Continente Sul Amaricano, inqui<.tando até a ;;mblicistas nacionais, como se deu com Tavares Bastos, que s"õbre o assunto se externou no seu livro "O vale do Amazonas", publicado naqueles idos. Mas o Bras il tinha um propósito : Era criar uma nação aliada na Amé– rica do Sul, cujos horizontes, de quando em vez se carregavam de eletricidade, :?meaçando temeroso vendaval. E o pais exposto a sofrer a consequência da tormenta era o Brasil, não só por ser a única monarquia do Continente, ser um colosso desarmado deten– tor de ime nsos territórios cubiçados e ter um idioma diferente das outras nações vizinhas. Depois, a velha herança de ódios entre portugueses e castelhanos, naquele tempo ainda subsistia. como se vê, a a ntipatia de que e ra alvo o Império tinha os seus funda- mentos na injustiça, n a puerilidade, na intriga e na inveja. E apesar disso, o Império que devia constituir uma nação forte, possuía apenas um exército que n ão ia além de oito mil homens, espalhado pela vas– tidão enorme do nosso pais, desapetrechados para a guerra e sem organização eficiente. . .. . . ,, ~-~ ·

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