Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)
48 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS õs coisas des ta terra, com uma inércia cômoda de mendigos fa rtos", - no amargo observnçãÔ do próprio Euclides. E não é só Isso. Traçando lar go diagrama da terra e do homem, o ex.-cn– de te da Escola Militar, focalizaria, nos albores dêste século, problemas de eco– nomia agrária. ainda hoje jacentes. Diagnosticou o "martlrlo secular da terra", p elo " pigmeu rural" asseve– rando: - "A natureza não cria normalmente os desertos. Combate-os, r epul– sa-os", para em seguida retratar o homem como um "agente geológico n otável'", qua nto às transformações de cstractos e mudanças que operam a a ridez das caatingas, elucidando : - ."ltste, de fato, n ão raro r eage brutalme nte sôbre a terra, e entre nós, nomeadamente, assume, em todo o decorrer dn história, o p apél de um terrível fazedor de desertos" . AntropóJogo apaixonado e meticuloso, trouxe ao conhecimento de seus contemporâneos os caracteres flslcos de uma "raça forte, nascida de um am– plexo feroz de vitoriosos e vencidos", "plasmada nos rigores de um clima . hostil", como reevoca ria Wilson Lins em "O Médio São Francisco", edição "Ox umarê", de 1952. Dai por diante, o Brasil viria a saber que existia o seu tipo definido de "curibocas puros", do qual se ocuparia, minuciosamente, perfilando êsse más– culo reslduo antropogênico, originário dos "três elementos constituintes de "nosso raça" , o rebuscado narrador d<: o estouro da bolada. Constituiu-se slogan nacionalista o seu decantado conceito biológico de f\Ue "O sertanejo, é antes de tudo, um forte", consoante suas equações da "gênesls dos jagunços", que haviam de se enterrelrar na "Tróia de taipa", erigida em Canudos e que, para destrui-la, se arrojou, armada até aos dentes, em cima da misera sociedade sertan eja, a multidão criminosa e paga para matarº . Tanto os mona rquistas clericais, como os positivistas da República de ao, desconheciam a "fase reliiilosa de um monotelsmo Incompreendido, eivado de misticismo extravagante, em que se rebate o fitlchlsmo do lndlo e do africano", como, a êsse tempo, Interpretaria o animismo dos peregrinos de Monte Santo,. o singular biografista de Antônio Conselheiro. Na "xarqueada" humana cm que se transformaria o cêrco de Canudos, com a sann!a e degola de jagunços aprisionados, jamais se contaria que a jovem República militarista marcaria a sua etapa Inicial com o longo fratrlcldlo de que se r evestiu o poder da fôrça oficial, contra a Ignorância e a instintiva combatividade de seres rústicos fan atizados, criados sob leis psicológicas de extranha "ambiência étnica" . Argumenta-se com êstes fatores, p orque, de um caso r otineiro de sedução p assional, em que fôr a envolvido a mulher do taciturno Antônio Vicente Mendes Maciel, é que surgiria nos sertões baianos, como um vivo morto, o " anacoreta sombrio, cabelos crescidos até aos ombros, barba Inculta e longe ; face escavel– rada ; olhar fulgurante ; monstruoso, dentro de um hábito azul de brim ame• rlcano ; abordoado ao clássico bast ão em GUe se apôla O passo tardo dos pere– grinos", _ " Antônio Conselheiro", construtor de Igrejas, de capelas, de cemi– térios, agremlodor de populações desamparadas, enviado confor tador de almas, para minorar os tristes e baixos pecados, na preparação do dia do Julzo Final. Aquele fa to corriq ueiro, n a desunião de um casal, teria aberto o caminho pa ra o histórico drama do taumaturgo revoltado, fundador do arraial de Bom J esús. E já nos alca ndores de seu prestigio mlssionãrlo, outra causa se apresen– ta ria, fazendo-lhe ver a ~ epúbllca c~m máus olhos, quando decretada a autono– mi dos Munlclplos, as Camaras do interior da Bahia afixaram nas "táboas tra- d l ~ n ais" editais para cobra nça dos impostos. c o . t d "O S t- " - o realista depocn e e 5 cr oes recompoe os efeitos dessa medida : "Ao surgir esta nov idade, Antônio Conselheiro estava em Bom conselho.
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