Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

RE~~STA DA ACADEMIA PARAENSE ~E LETRAS 47, "Os Sertões" E Seu Cinquentenário BRUNO DE MENEZES Devo h o,iestrunente confessar que somente agora. às proximidades do el:tqUentá rio d o ::ipateclme nto da primeira edição de "Os Sertões", C!Tl 1902, !.ornei n resolução de levar afé o final a leitura da obra impar, do discutido geóiogo do nordeste brasileiro, que foi o infortunado Euclides dà. Cunha. Ao dcclarnr o propó~itl) dessa tarefa, desejo assinalar que quando a ,edição de 1911, por sinal a quarta, me ofereceu oportunidade de conhecer em profundeza o clima histórico e social da campanha de Canudos, eu salteava páginas dessa "Bíblia da Nacionalidade", pouco atraido pelo seu "nefellba• tismo cientifico". Com o encher e o vazar do "mar do tempo", influências sociológicas se condensaram, e a minha selvagem curiosidade literária foi se apercebendo da "aridez telúrica" do estilo de Euclides, trabalhado no isolamento de São José do Rio Pardo, na elaboração do livro íainoso. bentre os vá rios motiv os que causaram o arredismo da grande massa pelo "Os Sertões", estaria um dêles, segundo certos críticos, na sua estrutura cientifica, que devido ::io nível intele ctual dos letrados comuns, n ão os atrai para o prazer compreensivo de sua apreciação. Entretanto, Monteiro Lobato, em carta a Godofredo Rangel, de 1119\911 escrevia : - "Volto no Euclides. Estive a lê-lo, e pareceu-me que a sóbria e vigorosa beleza do seu estilo, vem de não estar cancerado de nenhum dos c~ncros do estilo de tôda rrente". - E a seguir, entra em comparações anall– ticas, da composição gramatical das expressões enclidianas, com as usuais no Jornalismo cotidiano. :tsse ponto de vista, porém, não se r efere sómente ao "Os Sertões", pois que cm correspondência de 1191910, ao m esmo fraternal amigo, o idealista do petróleo nacional, aludindo ao "A Margem da História", tecia o seu valioso louvor ao Homero dos j agunços : - "Como é novo, como são inéditas entre nós a idéia, o pensamento, 0 estilo, a língua de Euclides" . . . Confronta ndo o ficcionismo amazônico de Alberto Rangel com O obje– tivismo mesológico do cc;rresponde nte de "O Es tado de São Paulo",. na san• :.;ueira de Canudos, é ainda o mestre de Urupês quem estabelece a diferença : . "O Inferno Verde" é bom, m as n ão é essas coisas que o Rica rd º ª nd ª d~zend º· É um livro que s erià original, se n ão f!xistisse Euclides da Cunha, mas ~ ao é obra prima", Isto em ca rta de Arêias, de 7 161909, ao companheiro de A Barca de Gleyre" . Já se vê , que Monteiro Lobato com o seu humanismo cultural, Unha autoridade categorizada para se manif~star dessa maneira, sõbre a forma lite· rá rla do biso:1110 antropografista do sertanejo. Mas nao seria 'unicam e nte no preciosismo do seu estilo que Euclides véirial a influir nos roteiros pouco trilhados em nossa literatura de hã meio s =o. • Partiria de seu monume ntal trabalho o estudo da formação das socle• ~acles huma nas, de acordo com l)S cerno se encontra na çpopéia bá r bara" de "Os Sertões" agentes f ls icos, Apresent ava-se n e 1 . d uma região n;,rcste ;, s:H es_e vo ume o esquema fisiográfico . e desco- Dh ., 'd ,. or~, com as EUns c hocantes características geológicas, quase ._,.ç1 as .,.9 pais - m er • d nos volvemo!! • ·• · . . . \!e a prove ~bl~! jndiferença com que ·

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