Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

:8.iWUlTA DA ACADÊM!A PAn.Al!:Ná!;l Dt LÉT:8.A.S. ROMANCE Vai desaparecer o nosso amor ... Cuidado. Ninguém deve saber que êle vai terminar ! -Foi sonho, esteve perto de noivado, -E perto de . .. (Mas para que falar?) Silencio .. . Vale bem guardar silencio em tudo. No enlevo, no amargor, no idílio ou na aflição, Ter para o encantamento o lábio mudo, E para o desespero a discreção. É o fim mas ninguém sabe. É o fim mas não parece. Que lindo fim de amor. Ninguém dirá que ~ o fim, por~ue em redor de nós tudo floresce e abre-se em flôr nosso porvir. E em flôr abre-se à luz o espírito perdido, não para se queixar mas sim para florir ! Desperta alegre, desabrocha colorido E não sabe chorar, sabe apenas sorrir ... É o fim mas ninguém diz. Surge tão delicado. Que é mais idílio, mais enlevo, mais ideal, ,Tem a graça furtiva de um noivado e a leveza feliz de um madrigal. Deveria viver; poderia viver. Sim, poderia, certamente deveria, Mas é melhor deixá-lo fenecer, deixá-lo aparecer e desaparecer. Isso tem outro gosto, outra graça e alegria. É preferível que êle morra novamente, sem uma queixa, sem um grito, sem saber porque morre; morrer discretamente, morrer sem um vocabulo pungente, sem que esteja morrendo compreender ! Despedida sem dôr ; fim div ino e encantado !· Um aperto de mão que quer dizer distancia .. . Morre sem o mais leve desagrado, morre apenas por um requinte de elegancia ! Belém, 5 de julho de 1940. 41 . ,

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