Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)
REVISTA ÓA AÕ.Aí>ÉMIA PARAEN$E 6E t ETRAS rico Marques Santa Rosa, esclarecendo que o emine nte m édico havia falecido vitima do cumprimento do dever profissional, Li a noticia emocionado. No meu cérebro jovem jâ me passava a idéia de que aquêle homem, tão bom, tão s im– ples, tão culto, se havia imortalizado. Passara com efeito à vida s ubjetiva, a fim de melhor conviver conosco pelo exemplo edificante que nos deixou de uma maneira tão eficiente. Os jornais da terra, que depois recebi enviados p ela minha familia, noti– ciavam com relativa minúcia o desenla ce do ilustre m édico. Contraira uma Infecção dlítérlca quando visitava uma cria nça acome tida d aquela mal. A criança, no momento do exame, lançara uma golfada de vômito que lhe alca n– çou a parte Inferior da barba e do peito. Adquirindo a infecção e tratado p elo sôro de Roux, aconteceu que o sôro não foi s uficiente para completa r o trata– mento, faltando me~mo na praça o stock necessãrio . Embora em convalescê n– cla, sobrevieram fenõnemos ne rvosos de certa e ravidade, astenia geral, pare– sias múltiplas e por fim uma nova infecção de ca rãt er p alus tre que o vitimou, já quando, a conselho de colegas, aguardava o paque te que o devia levar p a ra o sul, a tratamento da saúde. Noticiando o fato lutuoso um dos jornais r egionais, se me não falha à memória, a "Folha do Norte", assim si! expressava:: "Conhecidlssimo em Belém a sua morte será muito sentida. Desd e que circulou õntem, à noite, a morte do Dr . Américo, f oi sua casa incess antemente vlsltad·a por inúmeros cavalheiros e familias. Entre outras pessoas lá estavam os Srs. Drs. Pais de Carvalho, Almeida P ernambuco e outros distintos facultativos. A competência profissional e a dedicação do Sr. Dr. Américo Santa Rosa eram reconhecidas e proclam adas em nossa socied ade. Jã em avançada idade, lutando com a fraqueza do seu organismo, êste m édico persistia em atender os seus amigos e clie ntes, menos pa ra fazer face às exigências da atual situação de dificuldades e carestia do que par a obedece r aos impulsos da sua dedicada atenção clinica. . . Ouvim os ôntem a um ilustre médico paraense a seguinte frase, a respeito do Dr. Sa nta Rosa e das condições em que con– traiu a , enfermidade de que sucumbiu - foi um m ártir do dever . É esta de certo a maior home nagem que possamos render à sua memó– ria, na hora da suprema justiça". De tudo quanto se tem escrito sôbr e o Dr. Américo, nada nos emocio– nou tanto quanto a publicação a seguir que velo à lume sem a assinatura do seu autor. "Dr. Américo Santa Rosa. Finou-se ôntem, às 8 horas da noite, o Sr . Dr. A . Santa Rosa. O maior amigo e a máxima confiança dos pobres sofredores. Nunca houve no mundo quem mais do que êle honrasse a nobre pro– fissão que lhe foi apanágio ; para o Dr. Amér ico quando se trata va de acudir enfêrmos, não h avia d istinção entre o chamado do rico e o misero reclamo do do pobre. A dedicação era Indistinta, a bondade, o desinte rêsse a bsoluto, foram sempre imutáveis durante quase m elo século de sábio auxilio e socorro aos seus s emelhantes. Como e ra bom o Dr. Américo I". com efeito, depois de ter tanto falado, eu n ão poderia fazer m elhor discurso do que o dêsse pobre a nônimo, n a sua sinceridade magnifica e em– polgante, res umin do tõdas as virtudes do preclar o m édico n esta linda frase constituída de apenas 5 vocábulos: "Com o era bom o Dr . Américo t" . A bondade é o ap an ãgio do sabio, do h eroi, do santo. Dignificando-se dura nte a vida, m ais se d ignificou o Dr. Am é rico Marques Sa nta Rosa, por morte gloriosa, q ua ndo em avançada idade buscava arranca r à morte uma criança . o seu n ome de ve ser a pontad~ aos pósteros como foi julgado pela classe m édica do s eu t empo : Dr, Américo Sa nta Rosa, o Mártir do dever.
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