Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

• 38 REViSTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS éonselhelro Otaviano de Almeida Rosa disse a propósito do concorrente esco– lhido : " . .. distinguiu-se no exame, e por Isso foi a sua nomeação um ato de justiça". Mestre da língua portuguesa no colégio Paraense e mais tarde pela extinção do Internato, do Lyceu Paraense, denominação que voltou a ter o aludido colégio, da sua atuação naquela casa de e nsino jtl tive ocasião de falar no preâmbulo dêste trabalho. Em 1871, foi nomeado para o cargo de professor de portugu ês da Escola Normal, então ao sabor da politicagem. ora autônoma, ori'.I nncxadn ao Lycou , até que em 1074 o Dr. Pedro Vicente de Azevedo res– tabeleceu a ordem n aqu"êle lmportantisslmo departamento de ensino e o Dr. Américo foi chamado a reger a cadeira de portugut'!s, a titulo efetivo. Na sessfio solene de reabertura da Escola se fez ouvir a palavra autorizada do Dr. Amé– Tico verberando a intromJssüo dn mnldlta poUUcagem no setor educo.clonai, de que devera estar afastada para sempre e por todos os séculos dos séculos , Nem por isso a politicagem recuou tlcflnltlvamente ; a retirada havia s ido apenas estratégica para criar melhor novos fôlegos. E pela lei 1221, de 3 de dezembro de 1885 se fez novamente a fusão da Escola Normal com o Lyceu Pnraénse, constituindo êste fato um golpe mortal no ensino da Escola. Coube ainda ao Dr. Américo ocupar o cargo de diretor geral da instrução pública por vârlas vezes. umos interino., outra~ efetivamente. Sempre corres– pondeu a confiança nele depositada e, quando a morte o colheu, ocupava aquelas funções a convite do Dr. Pais de Carvalho que cm 1898 exercicla as funções de Governador da terra paraense. Foi portanto o Dr. Américo eminente mestre e consciencioso administra– dor, pois ainda desempenhou várias vezes as funções de diretor do Lyceu Pa– raense com inexcedlvcl tino e rara probidade. O homem público. Durante o Império o Dr. Américo Santa Rosa mllltou no Partido L iberal, onde se revelou elemento de destaque pela palavra e pela pena, como extrênuo defensor de suas Idéias. Jamais, a acrimônia perturbou a serenidade com que sempre defendeu o seu ponto de vista, fazendo-se respeitar pela clareza de sua argumentação, pelo estilo cintilante, pelo vigor da doutrina que esposava com fidelidade pasmosa. Trabalhou cm vãrios jornais, sedo sempre recebido com 0 máxima satisfação o seu concurso. Foi entretanto a s ua rase mais brilhante a cm que trabalhou no jornal "O Democrata", nome que tomou o "Liberal do Pará" após a advento da República . Lembro-me ainda do antigo "O Democrata", fun– cionando na praça Saldanha Marinho, donde sala o "Velho Américo" para dar aula no Lyceu e de lã voltar para a sua fain a jornalística, com a serenidade de um santo que acabava de cumprir um dever sagrado para ir cumprir outro de Igual espécie . E, no dia seeulntc, como nós lfo:nos com prazer e voluptuosa– mente os seus Bilhantes e substanciados artigos de fundo, traçados com mão de mestre! Fato saliente e tiplco da ilustre personalidade do Dr. Américo, sempre foi a tolernncia, sem fraqueza ou du:,IP.dade, mn,. sobretudo cavalheiresca, elegante, sobria que o fez respeitado e amãvel em todos os setores em que desenvolveu a sua inteligência de csc61 : Por várias vezes, o partido liberal desde 1865, elegeu-o deputado à As– sembléia Provincial e, de 1878 e 1880 cometeu-lhe Iguais funções na assem– b léia geral do pais. Na tribuna porlarnentar pelos seus dotes de espirito e de inteligência, conquistou a simpatia e a estima de homens eminentes, entre 05 quais Ruy Barbosa e Homem de Melo que se fizeram seus amigos particulares. De Carlos Afonso, também parlamentar ouviu o Dr. Américo as seguintes jus– tíssimas palavras, quando não foi reeleito para a legislatura seguinte : "precisas fazer compreender nos paraenses que é com homens da tua ilustração que l\lcram êles na sua representação" .

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