Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 35 moléstia conhecida pelo nome de mqrféa ou lepra, para tratar por melo de medicamentos por êle descobertos para o curativo daqµela enfermidade. As pessoas que quizerem utilizar-se de sua descoberta poderão procurâ-lo ali ou cm Santarém". O dito anúncio em seguida estabelecia as condições de pagamento que variava entre 50 a 25 mil r éis, acrescentando : "Não se obriga a sustentar os criados ou serventes que em s ua companhia vierem. Os doentes pobres serão recebidos somente por ordem do Govêrno da Província". Com efeito, o govêrno imperial arbitrou ao pretenso descobridor do útil medicamento uma pensão mensal de 100$000 réis e o govêrno provincial sustentou a sua custa um certo número de enfêrmos em curativo. Afinal, surgiram as desilusões e com estas o regresso dos desiludidos da cura áa sua enfermidade, na s ua maioria revoltados contra o ousado e aventu• roso charlatão. Governava a Provinc!a o presidente Frias e Vasconcelos que enviou uma comissão médica ao lazareto de Pacary, assim constituída : Dr. Francisco da Silva Castro, inspetor da saúde pública ; Camilo José do Vale Guimarães e Amé• rico Santa Rosa, médico do Hospital Militar ; levavam os comissionados o encargo de estudarem os resultados obtidos, emitindo sôbre êles parecer escrito. A ilustre comissão apresentou ao govêrno da Prov!ncla relatório circuns•. tanclado, pelo qual coneluia que Pereira da Costa era homem caridoso e de boa fé e que a sua descoberta nenhum resultado produziu. O remédio aplicado tinha por base o suco da planta denominada Paracary, a que o curandeiro juntava outras hervas. Em consequência, mandou o presidente suspender a quota mensal de cem mil réis que o govêrno da Província pagava por doente pobre. Dentro em breve desaparecia o lazareto de Paracary e com êle a esperança dos que então acreditaram na cura da morféa por um processo tão simples e rápido. Outros fatos na seara médica. Em 1879, foi o Dr. Américo louvado pelo ministro Barão Homem de Melo, pela maneira altamente honroso com que se houve na comissão que lhe fôra confiada pelo govêrno imperial para que estudasse a natureza do beri-bei:1, suas causas e tratamento, bem como os meios preventivos do seu desenvolvi• mento. Foram seus companheiros de comissão os Drs. José Joaquim da Gama Malcher e Francisco da Silva Castro. Na Sociedade Beneficente Portuguesa, prestou relevantes serviços ao Hospital D. Luiz Primeiro, desde o ano de 1873 recebendo da diretoria daquela sociedade agradecida, o titulo de "Be n feitor", como recompensa aos seus assi• nalados serviços, sendo ainda o seu r etrato aposto na galeria respectiva. Em 1883 foi nomeado inspetor interino da saúde pública, funções que só aceitou a titulo gratuito, o que lhe valeu um oficio de agradecimentos do pró• prio punho do Barão de Maracajú, então presidente da Província. Em suma, no exercício da santa missão de m édico, conseguiu o Dr. Amé• rico captar as m ais fundas e arraigadas simpatias do povo paraense. O educador e grande mestre. Desde o ano de 1861 até o dia da sua morte, desempenhou o Dr. Américo as funções de mestre. Foi, com efeito dos que mais · trabalharam na instalação do Colégio Paraense, internato em que de acôrdo com a Lei n. 278 de 4 de dezembro de 1855 se havia convertido O Lyceu Paraense. Foi o orador oficial na sessão solene de instalação da nova casa de estudo. Já as suas palavras '"ram ouvidas com ime n sa satisfação, pelo estilo brilhante e fácil com que sabia bordar as su as idéias . P ôstn em concurso naquêle estabelecimento a cadeira de gramática filosófica, inscreveu-se ao concurso, respectivo com outros can– didatos, conseguindo ser nomeado catedrático por ato de 9 de abril de 1862 do presidente da Província, Francisco Ca rlos de Araújo que em carta dirigida ao ··

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