Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS. • assinala diferença entre os diversos côleras por êle classificados, na slntomato• logla, apenas confessa que no asiático, os sintomas desenvolvem-se em maior gráu de intensidade. Convinha primeiro que o ilustre doutor declarasse se admite ou não a existência de um miasma como produtor do cólera, enquanto que as outras moléstias que têem a mesma denominação se podem gerar inde– pendente da existência dos miasmas. Foi uma lacuna imperdoável no seu escrito, mas, parece-nos lêr das suas palavras que êle acreditava na existência dos miasmas como causas patog– néticas da cólera asiático, o que lança por· terra a pretendida Identidade de sin– tomas da natureza da enfermidade. Continuando o seu escrito, o seu autor assinala cümo diferença capital entre o cólera asiático e o catástlco a faculdade de transmissão de que goza aquêle fatal flagelo, transmissão que não se tinha dado, segundo êle, porque não . se tinha propagado no Maranhão, que está próximo do Pará e com êle mantém frequentes relações comerciais. Não se contentara o colega com o apa– recimento da moléstia nos diversos pontos da Província, ~m alguns dos quais J!ãO se davam às mesmas circunstâncias da Capital, e o tempo incumbiu-se de me dar uma resposta categórica. O aparecimento da epidemia na Bahia e no l:llo de Janeiro, devem ter feito calar a convicção no seu esplrito e, hoje, sem dúvld11, êle não hesitaria em fazer a apostazia de sua opinião. · Não nos demoraremos mais em refutar a opinião do Dr. Saullnler, que hoje tem caido por si, por lhe faltar a base em que se assentava, a não trans. misslbilldade da epidemia do Pará, tanto mais quando foi uma opinião isolada, que ·nunca fez vulto, porém não nos devemos eximir de fazer a ,sua critica. ~ uma questão em que breve teremos de ef\trar, e nos parece que havemos de provar exuberantemente, escudado nos grandes homens da ciência, que há dlfe. rença entre o cólera esporádico e o epidêmico, únicas espécies de cólera que admitimos, diferenças notáveis que distinguem essas duas enfermidades de tal sorte, que não pode haver engano no diagnóstico para um clinico de experiência diferenças que dizem respeito não só a etiologia, como a sintomatologia e ao tratamento. Após esta opinião, outras foram combatidas pelo Dr. Américo com argu, mentos sólidos e convincentes, demonstrando a clarividência das suas observa– ções, sempre lúcidas, claras e altamente inteligentes. Não somente diagnosticando o côlera-morbus divergiam os médicos, mas tamJ>ém foi bem funda a divergência do ponto de vista da terapêutica clinica. O Dr. Silva Castro usava e preconizava a sangria, quando o mal se apresentava no máximo da sua intensidade. · O Dr. Américo, adversário da sangria não a empregava nos seus doentes e mais uma vez velu à imprensa justificar a sua atitude. E assim provou exuberantemente que não havendo um remédio específico para o cólera e sendo preciso portanto, seguir a medicina dos sintomas, era de todo o ponto inadmissível a sangria. Neste particular se viu o Dr. Américo seguido por outros cllnlcos de nomeada como os J:?rs. Gama Malcher, Camilo José do Vale Guimarães, ~'.ém de outros. Episódio interessante. No ano de 1855, um curandeiro chamado Antônio Francisco Pert'tra da costa, principiou a gozar da grande fama de curar completamente a mor!éa. Tanto vulto tomou a propaganda das virtudes especificas do remédio preco– nizado que os poderes públicos tomaram em consideração o assunto. A "Gazeta Oficial", de 10 de agôsto daquêle ano, editada na oficina de Antônio Francisco José Rabelo Guimarães, à Rua Formosa n. 31, publicava o seguinte anúncio: "Antônio Francisco Pereira da Costa, morador no lago Paracari faz público J;>llrP CQl}hecimento çle quem çonyícr, qui: êl,: recebe no seu sitio, doentes ç\a

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