Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

30 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Am.érico ~/!arques Santa Rosa (VIDA E OBRAS) de Avertano Rocha Publicamos abaL'Co a 11alestra que o Dr. Avertano Rocha, presidente da Academia Paraen se de Letras, pronunciou no Instituto Paraense de Hlstórla da Medicina ao tomar posse da cadeira que ocupa : Chegou-me a vez, neste venerando sodalicio, de e rguer a voz (quase diria, a "minha débil v'oz como os oradores populares nos brindes de aniversários"), pa ra m ostrar e demonstrar a os meus dignos confrades o alto valor moral e Intelectual do pa trono da cadeira que Imerecidamente ocupo nesta Ilustre com– panhia. Aliás, neste particular, n ão me parece tão diflcil a honrosa tarefa. Basta, a meu ver, mostrarmos os edificantes f eitos do Dr. Américo Marques Santa Rosa, para dele deduzirmos quanto foi grande o seu valor profissional, quão grande foi o homem que, por m ais de meio século, encarnou a honra, a ciêni:la, a virtude, a m odestla, fazendo da clinica m édica um sacerdócio, do magistério um apostolado, do lar doméstico um t emplo, sendo, dentro dêste, o único pon– tífice q ue dita va as leis sábias e infaliveis, assim julgadas por uma prole ilustre, que tanto dignificou e vem dignificando a sua santa e ilustre memória. Pcnso que, neste recinto, ainda há alguns médicos que tiveram a fell– cldade d e o conhecer pessoalmente, dentre os qu ais o nosso querido compa– nheiro Dr. J oão Ba tist a P ena de Carvalho e creio que, também, o ilustrado Dr. Acil!no de Leão . Para aquêles que conheceram pessoalmente o Dr. Américo Santa Rosa ,bast a lem brarmos a sua figura austera de velho e acatado pro– fessor, para Jogo termos nltidas ante os olhos, n ão já as sapientes lições que, pródigame nte nos t ransmitia, m as, as outras lições, melhores e m ais proveitosas, dos seus exemplos m agn lflcos e atitudes dignificantes. Ainda sou dos que pensam, m algré tout, que a missão do professor e das maiores, se n ão a m aior, p elo justo r eflexo de sua projeção sõbre o futuro, Influindo assim diretamen te sõbre a formação dos diferentes grupos sociais, nas suas car acterísticas, n o que se poderia chamar a "esta tlca social", através dos complexos rece bidos n a infância e n a adolescência. :esses "complexos" são, mais ta rde, "transfe ridos" , sob a ação de uma outra fôrça imanente e invenclvel que é O amor do próximo, conde nsado n a ~ua máxima r ealização, de criar almas sadias, satisf azendo, do -mesmo passo, o impulso de procria r corpos formos os, no frase incisiva e elega nte do Dr . Porto Correro. Não m e p osso ,destarte, esquecer dos meus velhos professores, aquêles q ue j ust amente m e ajudaram a formar o cará ter, êsse caráter indisciplinado e insubmisso, que recon heço, sem ambages, ter sido a ca usa eficiente dos meus f racassos na vida e m uito m ais t eri!', sido, se não tivesse sido lapidado, a tempo, com O carinho, o a mor , a abnegação e a paciência , de que sab'em lançar mão os experimentados pedagogos, almas da nossa nacionalidade, glórias inesqueci– veis de rep e tidas ger ações. Dentre os meus educadores inesqueclvels, destaco, neste instante, em q ue lhes re n do as expressões mal~ sentidas das minhas respeitosa h omenagens, os me us professores do idioma ~átr ~o, na ordem cm que r ecebi as suas maravi– lhosas lições . Tive-os, p or prJ.JT1e1r o, o H_ustrado professor cônego Antônio Gon– çalves da Rocha , diretor de um _dos ma,s afam_ados colégios que já possuiu a cidade de Nossa Senhora de Delem , - o Colégio dos Santos Inocentes. 0 cônego Gonçalves da Rocha , além de profundo latinista, era tido, nos meios i ntelectuais de nossa terra, como excelente gramático e acatado mes tre do idiom a p átrio . Era, sobre tudo, cam onean o. Conhecia, de memória, os Lusia- •

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