Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

• 2a iíEviàTÁ DA AÔAÕEMiA l>ARAÉNSE bÊ LETnAâ Surgiram as "gazetilhas", moldadas em estilo diferente. Ardiam, algumas, como ferro em brasa ; com aculeos, feriam outras. De quando em quando, es– fuziava, por entre o flutuante rendado de frases :rritmicas e equilibradas, o l~g~r comum adequado, que não podia ser substituido por outro termo, na sua s1gm- ficação ferina, capaz de cobrir de ridículo o individuo alvejado. . o homem de letras, entretanto, não esquecia os contos e algumas páginas Igualmente encantadoras, como essas do Envelhecer, reprodu_zidas em revistas. . Antônio Macêdo e Severino Silva mereceram, em répllca, trechos dos mais fellzes dessa prosa flexuosa e enternecida, que conquistou tantos admi~adores. Na fase combativa ao lemlsmo, não poderei esquecer as composiçoes me– nores, pela extensão, mas excelentes pelo seu Incomparável poder sintético. ~a seção ECOS E NOTICIAS, surgia, em primeiro lugar, rápido comentário, em dois, no máximo três períodos, verdadeiramente arrazadores. Nós os chamavamos de marreta e Carlos Dias Fernandes, de uma feita, os chamou de porco espinho, por– que feriam por todos os lados. Essa, a produção mais recuada, muita vez mal impressa, e por isso quasi adivinhada pelos leitores, tão gasto o material tipo,;ráfico em que era composta. Não sei se será possível readquiri-la, totalmente. Tabalhos outros, igualmente primorosos, se espalham pelas edlçõe~ mais novas das FOLHAS, muito mais fáceis de ser obtidos. MEU ARQUIVO De 1902 a 1909, e de 1913 a 1918, fui redator, subsecretário e ~ecretário da re– dação da FOLHA. Poderia adotar a divisa : - "Nulla dlc slne l!nea", de que muitos outros se terão servido. Mas de tudo quanto produzi, nada me ficou. Apenas guardo a lembrança de espontâneo conceito do meu brilhante e saudoso amigo Camerlno Rocha : -No que escreves, guardas certa unidade, de sorte que não haveria mal que tudo publicasses em volumes. Não posso dizer que a tua obra seja bela, mas tenho a certeza de que seria uma obra forLe. Nunca tive vagar para a averiguação dêsse juizo. Sem falsa modestia, po– rém, declaro desconhecer a existência de qualquer página minha que me se.• tisflzesse. O NOSSO ARQUIVO Numerosos artigos e correspondencias foram devoradas pelo incêndio. Entre as mais notáveis enviadas por Mário Cattaruzza, não posso esquecer a sua excelente descrição da biblioteca de Ruy Barbosa. Com que habilidade discriminou as estantes, fazendo sentir o valôr das obras que ali se enfileiravam, fugindo à simples e enfadonha nomenclatura. Apresentava, com igual cuidado e apreciável engenho, as revistas e os folhetos que a sua curiosidade poude des– tacar, nos fugitivos minutos de sua visita, fazendo realçar tôda a sua emoção de artista e de escritor. Não posso deixar sem ~eferencia as duas impressões colhidas na viagem que fez à Argentina e ao Uruguai. :E:ram verdadeiros estudos dos dois povos, nos seus hábitos e costumes e desenvolvimento social. Lembro ainda a maneira por que apanhou e transmitiu todo o movimento revolucionário de 14 de novembro, no quatrienio de Rodrigues Alves. Poucas ve– zes lemos trechos mais eloquentes, analisando acontecimentos politico-sociais. Em assunto de outra natureza, ocorre-me agora O que se deu na FOLHA, por ocasião da chegada de Coelho Neto, a Belém. Ocupava a direção do jornal 0 dr. José Barbosa Rodrigues, que ii:icumbiu Barroso Rebelo de escrever O edi– torial de saudação ao grande romanc1Sta. Era uma peça de cristalina belesa, quer pela forma, quer pelo fundo. Borbosa Rodrigues resolveu apõr o nome do autor ao valioso artigo. No dia seguinte Barr:.,so Bebelo prntestava contra O áto de seu colega, vis– to que não havia dado o apuro devido, de modo que pudesse a obra receber a sua assinatura. •

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