Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)
• REVISTA DA ACADEMIA PARAÉNSE DÉ LErRAS ESQUECIDOS No tempo, a treva debulha o anseio das auroras verdes e há suplicas, Senhor, no fundo dos abismos, onde dormem os cánticos sem éco dos desgraçados. Chamam-te da noite ôca de subterraneas queixas. Chamam-te do interv:.110 do silencio, na rua virgem do sonho soprada de vento e luar e chuva pronunciando a vida. Chamam-te no tempo como à Primavera as arvores núas e frias. Tu segues, Senhor, por outros caminhos, nem pensas na treva que fica no tempo debúlhando o a~eio das auroras verdes ! Oh, não é pelo teu riso branco nem por teus passos silenciosos lar gos. Não é por teus olhos puros nem pelas cálidas promessas dos teus lábios. Não ! As crianças orfãs chegam desamparadas, Seus olhos inda estão úmidos do pranto dos sepulcros. E ningucm lhes falou. Nem sorr iu. Nem tu, siquer , disseste : "Vinde a mim.. . " INCOMP REENSIVEL O vento quiz separar duas folhas que se amavam num canteiro de rosas amar elas. E elas foram voando na trovoada da noite. o• imaginação da vida e da morte ! E como a noite é linda assim meio sem luzes ! Dentro dela há uma voz esperando o seu éco, livros a bandonados, telefone triste, berços vasios. Dentro •dela, o incompreensivel. Quem saberá ? O amor ninguém explica, As folhas num sopro léve encontraram-se vivas e começam a caminhar ag-ora sôbre espinhos . . .
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