Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

• 24 REVIá'I'A DA ACADEMÍA Í'ARAENSE bE LÉTRAS O MILAGRE Agora aos teus pés curvo-me. Sou erva rasteira, grão de areia, gôta do mar. A mão perde o táto, contráem-se-me os lábios, me ponho a chorar. Não de mágua, não de angústia, não de clôr. Chóro de amôr, só de amôr. Meu Deus, onde estou ? Dizei-me onde estou ! O dia amanhece, a lua se esconde. Meu filho, responde por que não me abraças ! Senhora das Graças chorou ... Lá está, meu 1.'omzinho, no terno semblante, o rástro do lindo brilhante que rolou! Não chorem de mágua, nem de angustia, nem de dôr ! Chorem de amôr, só de amôr ! Agora aos teus pés curvo-me. Agora aos teus pés suplico. Pelos cégos que enxergaram, pelos mudos que falaram, por êstes dois paralíticos que nêste momento andaram, dêsse povo que lá fóra se agloméra, pelos ais, Senhora das Graças, eu venho pedir-te : se é por mim que tu choras, não chores, não chores mais ! •

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