Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

• 14 REVISTA DA. ACADEMIA PARAENSE DE LETRA-$ Quadrilha De Jacob Patacho (Cenas da Cabanagem) 1 • Inglês de Sousa A Academia Paraensc de Letras pretende reallzar no ano de 1954, n a cldade de Belém, um Congresso das Academias de Letras e de Intelectuais do Brasil para r.omcmorar o ccn tcn:'i.rlo do n ascim ento de Inglês de Sou sa ocor– rido na · cidade de ôbldos, n este Estado, a 26 de dezembro de 1853. llerculano Marcos Inglês de Sousa fol um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e o seu tesoureiro n os primeiros anos da Instituição. É patrono da cadeira n. 20 da Academia Paraense de Letras. Criou no Senado das Letras Nacionais a cadeira 28, de que é patrono Manuel de Almeida, onde o substltulu o Sr. Xavier Marques. Inglês de Sousa residiu em S. Paulo desde o seu curso de direito, con– cluldo em 1876, até a proclamação da República, tendo ali publicado, com o pse'u,dôntm"o de "Luiz Doldanl" os quatro romances que escreveu : "O cacoalista, "História de um pescador", "O coronel Sangrado" e " O Ml•slonãrio", conside– rado pela critica como o seu maior llvro. Em 1893 publicou n o Rlo de Janeiro os'•'Contos Amazônicos", sua última obra de ficção, ofereclc!a a Sílvio Romero. A página que se vai lêr abaixo foi extraída ao llvro "Contos Amazõntcés" : · Eram sete horas dadas, a noite estava escura, e o céu ameaçava chuva. Terminada a cela, composta de cebola cozida e pirarucú assado, o velho Salvaterra deu graças à Deus pelos favores recebidos ; a "sõra" Maria dos Prazeres tomava pontos em umas velhas melas de algodão multo remendadas ; a Anlca enfiava suas contas destinadas a um par de braceletes, e os dois r apazes, espreguiçando-se, conversavam em voz baixa, sõbre a última caçada. Alumiava as p aredes negras da sala uma ca ndeia de azeite ; reinava um ar 't épido de tranquilidade e sossêgo, con vidativo do sono. Só se ouviam o murmúrio brando do Tapajós e o ciclar do vento nas folhas das pacoveiras. De repente a A.nica inclinou a linda cabeça, e poz-se a escuta r um ruido surdo que sr apr o– ximava lentamente. - Ouvem ? perguntou. o p ai e os irmãos escutaram t ambém por alguns instantes, mas logo con- cordaram, com a segur ança dos h abitantes dos lugares ermos : _ :e uma canõa que sobe o rio. - Quem hã de ser ? _ A estas horas, opinou a Sôra Maria dos Prazeres, não pode ser gente de ôem. - - _ E. por que n ão, mulher ? r espondeu o marido, isto é alguém que segue para Irituia. _ Quem viaja a estas horas? Insistiu timorata, a mulher. _ Vêm pedir-nos agazalho, redarguiu. A chuva não tarda e êsses cristãos h ão de querer abrigar-se. A sôra Maria continuou a mostrar-se apreensiva. Muito se falava então, nas façanhas d e J acob Patacho; nos assassinatos que miude cometia ; casos estupendos, e contavam casos _de um horror indisivel: incêndios de casas depois d pregadas as portas e janelas para que não escapassem à m orte os moradores. E e h " as n arrativas populares a personalidade do terrlvel Saraiva, o t enente nc 1a _ d Q adrilha, cujo n ome n ao se pronunciava sem fazer a rrepia r as carnes aos a fi'u habitantes d o Baixo Amazonas. Felix Salvat err a t inha fama d e rico e pac lCOS • , era português, duas qua hdades p erigo~as no t empo da cabanagem. o sltlo era. l'

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