Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

REVISTA bA ACADEMIA i?ARAENSE DE LETRÂS. Ciências de Llsbõa, pelas quais, cada classe será cons tituída por 20 acadêmicos efetivos, 4 por cada seção, além de 30 acadêmicos. correspondentes nacionais e de 60 acadêmicos correspondentes estrangeiros. · --A 24 de agôsto de 1894, faleceu, na maior pujança do seu talento e quando "muito havia a esperar do seu criador, o grande escritor Oliveira Martins. Possufn um poder de análise e de descrição verdadeiramente assom– brosos. A sua linguagem é encantadora, adquirindo o estilo das suas obras, principalmente as históricas e as quase purame nte literárias, como a Ingla– terra de Hoje, escrita sob a forma epistolar, e as Cartas Peninsulares, todos os tons e tôdas as intensidades. Mas considerado, rigorosamente, sob o aspécto cleritlflco, é indubitável que nele o artista sobreleva o lnvcs\igador e o esti– lista exceda e chego a fazer esquecer o frio dissecador e a nalist a dos pontos históricos. Menendes y Pelaylo chamou-lhe, ·com todo o direito, o maior artista histórico que a P enlnsuln produziu em nossos dias. Quer dizer : êle n ão é um rrlo construtor das personagens do passado e das épocns em que elas viveram:. A. sua poderosa imaginação baseada nfio em trabalhos originais, como o fez Herculano, como o fez, depois, Gama Barros, mas n as n arrativas dos cronistas, discreteia, por vezes, mais livremente do que lho permitiria a realidade. Lauça afirmações, estallelece julzos, dita sentenças que criam o desalento, geram o pessimismo, fazem perder a fé. A esta ação destruidora e negativista, que se destaca, sobretudo, da História de Portugal e do Portugal Contemporâneo, . hã que opor o entusiasmo do escritor pela tnclita Geração e pelo Santo Condcs– 'tável, desenhados a grandes traços épicos nos Filhos de D. João I e cm Nun'Avares. Que êlc tinha fé no Pais, que também pensava em organizar e não só cm destruir, mostra-o o seu livro Político e Economia Nacional e o seu Projeto de Lei do Fomento Rurnl. A atitude espiritual de Oliveira Martins era idêntica à de Ramalho Ortigão das Farpas, à de Eça de Queiroz nos seus romances, à de Antero de Quental na sua filosofia. Era um mal do tempo, de que procura– vam libertar-se na medida do possível. --Um historiador respeitável, dos nossos dias, referindo-se a D . Antônio, Prior do Crato, falecido a 26 de .agôsto de 1595, escreve : "Enternece e ·orgulha que nenhumas mãos portuguesas tivessem detido o Prior de Crato para O en:.. tregar aos seus crueis Inimigos, que nenhuns lábios portugueses comunicassem ao vendedor o paradeiro do vencido. Mal sopeados rancores, insofridas . rlvall– dades, ambições de qualquer natureza, ou terror de represálias, nada naéla pôde apagar em almas portuguesas a noção de que era a bsolutamente necessário furtar ao sombrio furor de Felipe II aquela vida, esteio débil, mas única espe– rança da ressurreição de Portugal".

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