Revista da Academia Paraense de Letras 1953 (MARÇO V4 EX 5)

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 115 lhe oferecia qualquer seção de jornal a menor dificuldade e êle estava ápto a escrever o artigo pensado, como a c·rônica leve, o folhetim chlstoso, ou o romance de s ensação. Ma~ vivendo no jornal, Acrisio Mota nunca deixou de ser um escritor distinto, sendo um tão bom jornalista. ~ notável a sua coleção de contos, inéditos alguns, com que emoldurou . a simples vida da gente da roça. Além disso, para teatro, possui Acrisio Mota alguns trabalhos, entre êles dois dramas inéditos. Experimentou o romance e em tudo isso revelou uma habilidade não comum. Os seus sucessos jornalísticos são sem conta. E para não citar os que alcançou na FOLHA e que são dos últimos tempos, citaremos as crônicas que escreveu no "Diário de Noticias" desta capital, assinadas Guarani, e que obde– ciam aos moldes da escola indlgena. Parece que para justificar o nosso pesar pelo infausto desaparecimento, constituia já isso motivo de sobra. , Mas Acrlsio Mota não era só prosador elegante, cioso do ritmo de sua frase. Era também poeta e como tal, além de muitas produções esparsas, deixa um forte volume de excelentes versos, que foi recebido de maneira muito llsojeira para o autor pela critica do p ais e de Portugal. A pêrda, pois, que sofre a "Folha do Norte" ~lcança a literatura local. Acrisio Mota, como já o dissemos, ainda segunda-feira à noite, esteve . de plantão neste jornal, retirando-se, pela madrugada, agravado da enfermidade que parecia passageira, e que era uma bronco-pneumonia. No dia seguinte, foi chamado o dr. Gurjão, que solicitamente acompa– nhou a marcha da moléstia até o desenlace fatal. Era paraense, filho legitimo de Antônio Mota e d. Lirosa Bastos Mota, ambos falecidos e sobrinho do sr. João Crisostomo da Mota, funcionário do Arsenal da Marinha. Contava quarenta anos de idade e há 18 que era empregado no Correio, onde exercia o cargo de 2. 0 oficial. Casou-se com d. Antônia do Carmo Barriga aos 18 de março de 1893, de cujo consórcio houve oito filhos, dos quais sobrevivem apenas Diana, de 14 anos e Dorina, de 6. O entêrro saiu da casa n . 7 à avenida de São João, depois 1.0 de Maio e atualmente Senador Lemos, às 11 horas da manhã. LEGOU A SUA FONTUNA A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS A 29 de junho de 1917 faleceu Francisco Alves de Oliveira, o benemé– rito livreiro que legou a s ua fortuna à Academia Brasileira de Letras. d:,•vtn-lhc assim os meios necessários para preencher a alta missão r u,-, !',~ in r nml.Jc e Imortalizando, consequentemente, o seu nome na nossa história lite rária. Nasceu Francisco Alves n a Freguezia de Santa Maria Maior do Outeiro, em Cabeceira de Basto, Portugal, a 2 de agõsto de 1848, e naturalizou-se cida– dão brasileiro por Carta Imperial de 28 de julho de 1883. Viera para O Brasil 20 anos antes, estabelecendo-se, em 1872, com uma peque na casa de livros velhos à rua de s. José, fazendo d epois sociedade com seu tio Nicolau Alves, que fundara, em 1855, a Livraria Alves, na Gonçalves Dias, donde, em 1897, Francisco Alves a transferiu para a rua do Ouvidor. No seu t estam ento, marcou Alves o prazo de três anos para O cumpri– m e nto de s uas últimas disposições, prazo que terminou em 29 de junho de 1920, estando a Academia d e plena p osse da avultada fortuna que lhe deixou seu benemérito amigo, e competentemente observadas as condições impostas pela generosa d oação. Assim é que, logo a 1. 0 de janeiro de 1920, se abriram

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