Revista da Academia Paraense de Letras 1952

REVlSTA DA ACADEMI A PAR-AEN8l!J DE LETRAS 95· ---- ---- - ~- ----- ·-· - . -- - - --- C()m o est ômago vazio. a tirit3r d e fria1e m , e>.'l)Os to à b ruteza da ma nhã anémi– cn e a ,:ressiva . .. Chama d o umas vezes , re pelido c utras , a meaçad o pelos c onduto res dos bondes. o Anto ninho cons e11u iu vende r tod os os númer os, indo d epois tomar num bote quiln um pouco de c;,fé a ~edo e a m a r ~o. aj ustar conta c om o distri– buidor g e ra l. o L eolino. que lhe dera u m'I par te da féria . A s duas h o ras. todo es fomead o e rr::-re nto. f:,i para a c rita d os pa is que ficava muito fora d3 c ida d e . num l'e can to ig nor ado e a nônimo . A inda estava d istar.te t·n· \.· 1t c ~ ctro"J au'lndo o uv iu uma vozinha fresca e m ac ia que cantava u n, r- cr~~.;.., !)l:ir.-it--1:i r. c!-::,1cnte, que se in espa lha ndo pe lo ar, con10 se fosse u.n1a fumacint:, rósc:-i e perfumnda . . . Ble e ncontr ou A lnã. que era quem cantava m u ito a legr ezinha. muito ea – Utá, no seu vestido az u l claro com ramag e ns bn1nc::1s q ue m uito be n1 d izia com o se u todo d elic,irto. louro e r os:i . . . Niío se contendo pegou o irmão que eregava e :> levou para ,i sa le ta d e janta r o nde lhe c onta i', o poema do se u casto " m.or . apoiando no ombro d ê le a -;1.1a m ãozjnha gorducha e mignonP. - H á bt'cndin ho mesmo o Artur sair a de l á . pois fót:A com o velho p a i p~d l r a sua m ão. ~lcs se .r.nsar iam dai A u m m ês o mais t<!_rdar .:. Iria m !"orar n o s itio, numa caz,ta muito h r anca . entr e folhagens. ~le n ao mais ve nderia g a – ~·C't'IS, iria tod os os dias à escol" e a tard inha ajudar ia o Artur a trata r da c h ácara. a reg ar n ho rta . . - E o papai m a is a mamiie ? perguntou o 'irm;;p tod o assust ad o . - Irão morar coposco : o papa i. coitad o , irâ descançar. n ão n1ais irã à 1aberna e parrl se d ivertir. te rá a horta , a ch ácara : a m a m 3e será m ais feliz, arruma ra a casa comigo. . . Que beJo t · E a tnâ, radiante . acariciou -o n1achunen te co1n ambas as m ãos e foi para a sala, c a ntarola ndo. o A n toninhc. duv id1ndo aind a. foi ao q uintal . ond e a m ã e b a tia umas peç as d e r o u pa. pa r a f o ra : lã es tava ela r isonha, cheia d e espuma b r a nca. d e umt> hra n ctu·a n u pcial e m a cia como um afofad o de r e ndas e m usselinas, que lhe conto u a me.:;m a coisa, tôda a le g re e feliz . O vclh'l pai , senta d o ü sole ira da porta d a cazinha. { un1ava tranquila – me nte, nbsor to. l od o entre g ue a um g rand e sonho. ccmo um faquir extático . . . Aque la fe lic iclade completo q ue lhe entrava em casa, com o u m r á io d e s ol num r e c a nto escuro e úmido, felicidade que vinha d os amores castos d e s ua filha e · d o seu futuro g< :n.ro , era un:ia ba1~dei ra b ranca d e paz e bondade , a e nv ol– vc-r l{)d O~ numn só c-11ric1a e A u ni-los n um m esmo ósculo . .. o Anton inho. a legre e s urrl nclo. depois ele Jant,11 1 ,is prcssns, fo i pnr/l a ,:,ln, v endo tudo por u m outro pris ma. _, lnà foi cotn Ctc para a Janclu e s e puserain o. c onv e rs ar , felizes e ris o– nhos. A nc,bulosida de pa_r dacenta do céu {oi aos poucos d e s11pa recendo e as 11ll\'CnS mu1tn fin_as C m ui to b,:ancas _foram-s e embebendo d e luz; e por g r a nd~s f r c~t~s. p cJa ~ u v 1s o cóu sorr ira m~c10 ~ azul, 1:-t caindo O ouro a filinig rado do , 0 1 Roh rc " c idade c n rhuvada e fn,:i. vibrando tudo. alegr a ndo t ód as as coisas. como se dcsce.ise d o cóu cncalrnudo un1; s õp ro sadio de vita lidade nova. _Tncl,is ns. c-ii~as esca~car a vam s_uas Jan elinh~s à grande c la rida d e, as poças dng'!ª· llmp1d as ou b a rt enta s , c10t1lavam e havia no a r puro, c hilras e surdinas m nc-1ns . . . /\-; M ·r r:!-. lnn1ti~q un"' p c•Jn e-fe i to dn luz, ncu ,;nvom sulcos, dcstncav;1n1..sc, Lódas <:las n1u1to azuis, e r:-ivotta~ num polvilhame nto d 'ouro . . . E nas . nu vens que 1a m ce u em(ora, as p unl\a ladas d e ouro do sol, c omo grande mult1d,10 com pacla d e carneiros brancos, a f ugir apare ceu O sor riso da bona ~ t;n nun, a r ro-1r1s rn lido, sua ve, n a 111e iguice da su~ c urvatura macia que ~e 101 dC'!tvanecc.ndo aos po uco~. às irrad iações fes tivas e triu n (nntes d a· luz que . ~poleosava m a!:\nif1ca 1nentc a quê le amor cas to que fôra redilnir tôd a um~ f11m1 ha , enc he ndo-a de pa z e d e ve n t u ra . . _A Jan~la , o ~ dois r iam e pa lravam, e n voltos n uma r ést ea de sol que os aca nc1ava nimband o-os d e cl,.ridade .. . , Do livro "Pela Vida '', de l !ll6)

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0