Revista da Academia Paraense de Letras 1952

REVISTA DA ACADEMIA PAR I\F.NSE DE LETRAS 93 BON .A NÇA Conto de TERtNClO PORTO (Pa trono da cadeira 36) Dans Je hon.heu r d' a utrtú .ic cl1e rch c m on bonheu r. Cornclllc - (T,c cid). Espreeu lca(Vlo-se lodo. sonole~leme nl!!, va1:arosamenle.. a est alar. qu ase tódas as Artlc111RÇ1íe~ do rorpo dr>enho e m irra do.. num hr>'.'CJ?, grande e repa– r1>dor o Antonino eri:!ueu-sc dn leito. q ue era íe1lo ele tres J ornal do Co– n,é rc 10· , c:,le nd ldo~ a C!ttno. :ili no cimento gelado e úmido da oficina do iornal ond e trabalha'O'a. na venci:\ a vulsa ; e. ooncto a can, ls a n1cio roto. para dl'n lro das calc:is rcmenclRclas. com enormes joelheiras. íoi à porta espia r se a inda t:hovrn . o 1:randc sa t,,o dR tipografia. fartame nte iluminado a gás. es t rondaya ao h;,rulho do prelo de rcdac;ão que eslava a imprimir os últim os çentos do Jornal do diaL â den tro. imiscuidos com os últimos tlpógrt'lfos 'Sonolen tos e cans11dos, os ga rotos riam. voze;,vam e oermutavam chalaças, de mãos nos bolsos das ,•;,Iças ~ espera do café com pão, oue o Gaspar - um preto fe io como um c•r-rhc~o. mn~ muito ale J!re - fornec ia . median te um n iauel de cem réis. e que . àquc lns ho ra.-.. frias dn mnclrutrad{l tinha um s ubor de licioso e confortntivo . o Pacheco. o chefe das oficinas. lá no seu estrado. gorducho, m uito 11nponcntc e shn oático, absorvia-se t odo n um grande livro. onde tomav;, nota do lrnbalho dos t ipógrafos e que esta va somando, a vêr a despesa do dia. o Antim ino. ao c hegar à porta da rua, entristeceu muito : do céu . que rhtnva pqrdacent<> e úmido. caia uma chuvinha quase imperceptjvel. vitrificad a. 'l'lf" mar{oava c o1no alíinetndas U m v ento esfriado. doentio e arrc oiante vinho do mar e dcsapicdada– lllClltr rus firt11v11 c r ~bofcfeava tódag a~ coisas, numa ca rícia abrut.a lhada e ~er oz. Aquel11 pC'r pecliva accrha rne ntc docntla. dr umn lonnlldadc lncs téh cn e c•nn fr:mJ:!cnt<,. n ga r oto sentiu uma -gra nde amar gura, um frio agoniado dentro dnlrrrn, tn l1 n de- cnrinhos. e se pôs a o lhnr n rua muito es treita e mal calcada. vnvolta nn escurldao ch uvnrc nta da maclrugadu, que ta luz dúbln e prrJ:{ulçosn do~ lnmpiõcs a m\s tinha bac;as cintlbições amor tecidas e fôscas. N111n1, t'ílRII rron trlrn :", fipo,::rníln , abriu-se uma .ianel11, e n luz 11ml,::11 e morn n dR salinha. co,indo-se pela vidrnça orva lhada pela chuva. dcr r11mou-se 111, 1·n11ttl, "" ftr•pul("rnl n•'P.r11rn dn r11n, ·romo r.rnnde gol(adn de s ~nguc tran,;– lucacto . . K a br indo-se a porta , Rpa receu o vulto de um rapaslto q ue, de mar mita a n1f10, lá se rol rua afora, ba te ndn as calçadas com teus tama nquinhos velho~. Com ~erteza a oficina onde êle t rabalha va ficava muito longe e era prc– <·•~o ir bem cr.do paro ch egnr a tempo . O Anlonlnho seguia o peque no com a vista , cheio de piedad e e slmpn– trn. qua nd? pe rcebeu q ue o prelo terminara a impressão . E pos -se a olhar. m esmo da porta . tudo aquilo multo vagamente. No gabinete da gerência, um quadrilá tero de' táboas e tela de arame. o Euclides _- rapazinho m all"ro e circun~pecto - empacotava e subscritava Jor nais rp1c- dcv1n1n s~r,uir pelo pri1nçiro trc n, da manhã para os ass inan tes do interior. L a no c·t.. 1 nt.ro da ollc lnn t·stuvn o Guapar. o rir e n rnlhnr com 0~1 goroto~ que n <'crc:ivani, cadn qua l que rendo ser a tendido com mais presteza. E éle 1a dMríbulndo pães e canequinhas de Colh a de fla ndrcs cheias de um café mmto fresco e bem adocicado. que fumegava. apetitoso, ern t roca de 11iqut•lft qu,• r'·l· lmn n<·nnHtlnndo n u n, prnllnho d <' borro, ao lado D e ve z <!.fll quando Cle se curvo vn todo e atlc;nvu O brasclro do fogareiro , pondo ':lm alvoro,~ os meninos. que fu giam . de medo que a cinza esvoaçando. lhes ca1sse no cafe O Antoninho sentiu que a boca se l he enchia dágua ao vér de longe o cale fum c pant.- que, pc-ríumnva o ambic-ntc t odo E ele nem um vlnt~m possuia : - tudo quan tn ganh ara na vé,,pcra derA à mãe, que a té quatro horas d!l tarde nada havia comido. reservando . coitada un1 pedaco de púo pnr n Iná, sun íilhn delicioso tourinha <ir 16 nnos, m u ito honitn, m uito resignada. e mignone como delicada estai uela de porcelan a japonesa. O velho pni quando c he~ara do taberna, onde se embriagava t odos 05 dias, nada encontrando pa ra comel". descompusera a mulher e a filha com pala– vras agressivas que lhes doeram como hoíetadas ... E quando o filho chegou, rol e ncontN1r a pobre m ãe trêmula. branca de t error e fome. abraçada a s ua alourada irmii que, c horando t inha nos lftblos encarnados um 'sorriso serename nte dolol"Oso. .. '

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