Revista da Academia Paraense de Letras 1952

r H,J,:VlSTJ\ DA AC/\DJ,:MÍJ\ PJ\l{AJ,:NSJ,: DJ,: Ll!:'l'HAB OI oiro de Américo Santn Rosa, consagrado o príncipe dos jornalistas do Norte ; no Parlamento Nacional. restrugia em ardorosas refregas de entusiasmo pa– triótico, a palavra opulenta e culta de 'J'ito Franco - o velho; do conselheiro Mac-Dowell, ambos também jornalistas de pról ; de Domingos Antônio Ralo) - Barão de Guajará, - historiador e filósofo, e de outros menores. Éramos num periodo de franca transição literária. O Romantismo ago– nizava, projetando no horizonte. como um so} que morre, os seus últimos clo– t·ões. Paulino de Brito, o guardião mór do romantismo no Pará , afrontava des– temeroso, por temperamento, educação e predis posições est.;ticas, a maré montante do n-,ate rialis mo vitorioso, atirando o lume o ron1ance o "Home,n das Serenata,;" e, poste riormente, os versos impecáveis e magníficos das '·Noites em Claro'', João de Deus do R ego, o n osso lírico por excelência, pre– ced.ia as suas "Primeiras Rilnas'', do poen1eto ·'Nun1a PêtaJa de Rosa'', que a autoridade de Tito Franco - o velho, - exaltou num folhetim memorável. João Marques de Carvalho, cingido às insígnias r evolucionárias de porta-ban– deira do notu1·alis n10 na Amazônia. escandalizava o meio co1n seu realismo nú e cru derramado nos páginas alarmantes da ' 1 Hortência". Juvenal Tavares, com seu réglonalismo caboclo, surpreendia na s ua flagrante realidade cenas da vida roceira. que êle perpetuou, fazendo-as viver, na singeleza de sua própria natu– ralidade nos contos da "Vidn nn Roça" e nos versos da "Viola da Joana" . Antônio Marques de Carvalho. elegante pontífice do verso parnasiano, recortava e1n n1ármore divino, co1n estremecimentos humanos, na expressão lapidar do Eça, e as harmonias serenas de sua _ºMusa He~áldica". Frederico Rossard era o tumulto, a tempestade, o ribombo do trovão, o esfuzJlar do rultimpago, tudo retumbando e refulgindo nas suas "Estrofes de Dronze" que por ai rolan1 crhninosamente inéditas, com un, prefácio 1nagis• u•aJ de Marques Júnior. · Foi nesse ambiente. Sr. Eustá quio de Azevedo, ao clarão projetado por tale ntos dessa témpera, que vosso esplrito abotôou e floresceu, ao lado além de outros de .-\crisio Moi.a, Guilherme de Miranda, Leopoldo .Sousa e Nativi– dade de Lima, o boêmio radiante e irreverente, que fez da vida uma continua g argalhada, que a própria mo_rt'c não conseg uiu refrear. Contam que nos seus ult1mos momentos, na Santa Casa de Misericór– cha, quando a irmã que velHvo à sua c'=!b~ceira, vendo que éle se extinguia. solicitou apressadamente umH vela . Nat1v1dade d escerrou vagarosamente os olhos pardos, e com indeflnivel soniso a lhe esgarçar a larga boca de mestiço, murrnurou: - "Não precisa, Ir1nã .. . Eu vou n1esmo a remo'' . . . Todos êles já se partiram para as regiões insondáveis do mistério. Astro desprendido dessa constelação,. c?ntinuais imper_turbável a vossa trajetória d e luz no céu da literatura amazomca . Já houve quem afirmasse, com mordente ironia, que as Academias de imortais só têm uma utilidade : servir para ne las se morrer . Mas vós, Sr. Eustáquio de Azevedo, já a gora, não morrereis jamai.G, o vosso nome vive, e viverá através dos tempos, nas tradições alegres de vossa vicia boemia e a vossa perso nalida de se e te rnizará no bronze indestrutlvel de vossa vasto obra intelectual. s1mbolo imperecivel d e fé, de estudo e de perseverança . A vos!:l'a ahna viverá dis pe rsa nos vossos livros inúmeros, palpitando nas 1.?n1or..•ões que por ela derramastes e VJbrando nas gargalhadas esfusiantes das \'Ossas noites boêm ias Ainda agora, boémio incorrig1vei. um cios vossos gestos, ao entrardes pa ra a Academia. produziu um arrepio de espanto na sensibilidade pétrea do 11rande público, que esgazeou para o vosso lado· os olhos policiais. É que era mais uma pillté ria vossa, a ousadia que tivestes, vós atéu, vós peúre iro 1ivre , vós que ma, soleis das intimidades materialme nte suspeitas da '·Irmã t.:eleste" . saturado ainda do caructeris tico cheirume d e e nxofre, com q..ie S atunn1.. dci urr1a as aln1as pecado ras, a ousadia que tives tes, repito, escolhendo para pntrono da vossa cade ira a figura vene randa e veneri,vel désse san 10 varao que loi Uom Antonio tle Macedo Costa. Acabais d e desfazer na vossa palestra, para desatogo das almas aflitas, a 1 suposta inte nção de irre verê ncia. O vosso verbo sonoro recortou na pureza da forma, com encantadora galha rdia, a personalidade g igantesca e impressionnnte do subio sncerdote, no qual o opostoto e o soldado por vezes se confundem. Prestaste~. assim, uma ai irmação pública do vosso apurado sentime nto de justiça. Sr. Eust..~quio d e Azevedo : A vossa passagem rasgam-se e n1 arcos d e triunto Ob portas dt!ste 'ro!111- plo da Sal.Jedor1a e da Beleza. Nele não ing re~sub com a soloácia pimpono do ,nala ndro em casa ele seu sogr o . Os vossos dire itos foram a dquiridos pelo Talento e pelo l\11 .árno . .A Casa é vossa ! Podeis enu;ai . • li ..

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