Revista da Academia Paraense de Letras 1952
78 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAij ALEXANDRE VAZ TAVARES ACILINO DE LEÃO Escolhi 11m macapaense na ra meu patrono na Academia Paracnse de Letras. o nrofessor ,Toarrnim Francisco de Mendonça'. o Múcio Javro~ das lides jorna lís tic,is : escolho al?or,i outro macapaense para patrono de minha <'a<leira no Instituto P :1r;iensc da História da Medicina, o dr. Alexandre Vaz Tavares. rrue tev<', ademais. uma influência indireta em meu des tino . Qua ndo minha primeira mestra. d ona Cora de Carvalho P e na Rôla, informou minha m ãe de aue eu t inha inc linacão para ns estudos e o ilustre paraense dr. José Fer,;:eira Teixeira , .Juiz de D.ireito da Comarca. a aconselhou a ma ndar-me para Belém. logo lhe veio à me nte o pa re nte doutor. filho da amada tia Flo– rinda, e decidiu oue eu fosse mi'dico. Alex1rndre Vaz Tavares filho de Antônio Tavares e dona Florinda Fer– reira Vaz T a va res, nasceu a 8 de a,rôsto de 1858. Formou-se em m edicina pela F>lculdadP. do Rio de ,Ja neiro a 10 de setembro de 1884, com a lese inaugural s óbre "Sífilis Con1tênita". Re,rre.ssou a Belém, onde começou clínica . Por uma poesia que registro. vê-se que este ve em Macapá em 1889, antes da nrocla mação da F enública. Lembro-me que, de vez em quando. volvia á Macapá . onde morava com uma pa renta de gra nde distinção, dona Francisca Róla de Alme ida. Sendo re pu blica no his tórico. dis tin~uiu-se no advento do novo regime. escrevendo a le tra do Hino Republicano Paraense. O ilustre advogado dr. Elias Viana afirmou-mP.. <'nm a s ua e nfase ha bitual, que Alexandre Vaz Tavares fóra o nosso Rouge t d e Lisle. Nesses primórdios da Re pública. foi nomeado professor de Física e Qui– mica da Escola Normal e eleito de putado estadual. Em 1894, no primeiro itovêrno Lauro Sndré, exerceu a f unção de Diretor da Instrução Pública. Quan– do fiz, em fins de 1897. me us exames de certificado primário, ainda conti– nuava em dito carP.o. Foi porventura o melhor período de sua atividade essa época áurea do <-nsino primário no Pará. Uma plêiade de notá veis mestre-escola : Severino Bezerra de AJbu– auerque, Vilhena Alves, Hilá rio de Santana, Artúnio Vieira, Octávio Pires, Au'!'us to Ramos Pinheiro, Be rtoldo Nunes, Teodoro Rodrigues, António Macedo, Paixão Castro : e entre êles, um dire tor e1<timad0 e respeitado. Publicava-se uma bem colaborada "Revista de Educação e Ensino", e onde se lê a poesia "MACAPA". Num a das colações de grâ u de professoras. Vaz Tavares pronun– ciou um substancioso discurso, que foi pubUcado em folheto. O térmo do govêrno P a is de Ca rvalho foi marcado por uma dissenção polltica, e Vaz Tavares aco~pa ru:,ou La u_ro Sodrê no ostracismo . A facção vito- riosa despojou-o de tudn. inclusive a ca tedra da Es cola Normal. . Só muito tempo de pois, em 1916, foi nomeado médico da Saúde Pública e. no segundo govêrno Lauro Sodr é, dire tor do Ginásio Pais de Carvalho, em 1918 . . . . Foi designado, em J.922, prefeito municipal de Macap ã. Em diversos mome ntos de sua vida atribulada .tentou a clinica Rural. ora indo a os altos rios. ora se fixando em cidades ribeirinhas. Uma dessas feitas, foi em óbidos. O atua l coronel Aluísio Ferreira estudou com êle por êsse tempo e afirmou-me que jamais ~ensara que aquêle homem modesto, de ma neiras educadas e finas, fosse um tao profundo sabedor de Física e Quí– mica de que deixou um compêndio elementar. · F aleceu a 3 de abril de 1926 . Do seu estro poé tico, mais ativo d ura n te a juventude académica e os arroubos da propaganda r epublicana, a .família conserva alguns cadernos de origina is, de onde copio a poesia "MACAPA" a mais divulgada de tôdas. M:ACAPA Na esquerda margem selvosa do Rio-mar, o Amazonas, p e nsativa e descuidosa como ess as gastas madonas das noites de bacanal, descansa da a tividade dos a nos, d a nova idade, a mJnha amada cidade, minha cida de natal.
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