Revista da Academia Paraense de Letras 1952

ltEVlSTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 75 Quase não fa lava. Vivia pelos cantos pensativo, ap1·esentando quase sin– tomas de demência. Era corno um fantasma errático. verdadeiro espectro que tivesse contemplado. de perto. a ignição apavorante do ráio. Depois, a recordação atroz da grande pérda sofrida. da grandeza per– dida, de envolta com os atos da mais cruel ingratidão, punham-no como per– plexo ante as supresas d a ma ldade dos homens. Nas proximidades do prédio em que res idia. numa noite gritaram na rua rebates de incêndio. Era o fogo que devorava uma estãncia de madeiras. Antônio Lemos por acaso olhou e viu as labaredas gigantescas como um polvo e nrubescente, envol– vendo as paredes da construção. 'l'eve um momento de assomb ro, senão de evocação fatidica. Lembrou as peripécias da noite trágica. Viu os ma ndatários oficiosos da situação dominante, crivarem as paredes d ' ··A Província··, de balas. Viu os sicá rios deitarem infla– máveis às portas da sua querida propriedade, atearem fogo, e o s oberbo edifício arder em chamas ... lJE\J)ois. o ataque à sua moradia. O tiroteio cerrado, os gritos da malta , o depreda me nto. a invasão, o incêndio, e por fim o seu aprisionamento já dia claro, de arma na mão. Tudo isso passou com um clarão rubro pelas páginas amarelecidas das s uas recordações. . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . .. . .. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Agitou as mâos no a r, e como a :'lrvore fendida pelo raio, tombou, qual maçarandubeir::i rrlgante 1111 floresta . . . Mas ai, entiio, para nunca mais s e levantar ...

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